quarta-feira, 12 de março de 2014

O curral de boi pintadinhos - José Antônio Abreu de Oliveira

Foto: UNIVERSO - Boi do Fuxico - Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte
Minas Gerais - Brasil

Ao lado da casa paterna havia um cômodo isolado onde meus pais guardavam livros antigos. E revistas, e caixas vazias, e, vez ou outra, os bois pintadinhos e as mulinhas dos folguedos populares. Chamava-se sub-prefeitura, uma vez que ali fora alugado para ser o prédio daquela administração pública, em uma determinada época, já recuada no tempo. Não existia mais, como tal. Mas o nome ficou, e a placa. A sub-prefeitura foi a minha primeira universidade, que me atraía e fascinava, como depositária de segredos ocultos e tesouros. E onde eu entrava, escondido, surrupiando a chave guardada numa gaveta do escritório de meu pai.

Ali, eu podia ajuntar meus bois imaginários. Os despojos do boi pintadinho e das mulinhas de trapo ganhavam vida. Era meu curral dourado. Onde dava as ordens: -Passa, Mourisco! Avança, Queimado! Tchou, tchou, tchou! Era a hora de levar os animais para as campinas. Ou de pregar a ferradura nas mulas. Cortar as crinas, tirar carrapatos, cuidar das bicheiras. Misturar o sal grosso à ração. Formar a silagem. E fazê-los pular: e como pulavam alto! Mesma coisa com as mulinhas. Essas, sempre com os olhos arregalados, assustadas com meus caprichos, temerosas com os mata-burros inventados, as noites de chuvas e trovões em que fugíamos de perseguidores, a longa caminhada de minha tropa para atravessar os vaus dos rios tenebrosos. Em geral, vau de orelha, que os animais refugavam mesmo sob açoites.

Mas, cansado da vida de tropeiro e de candeeiro, eu subia na velha estante de livros e revistas. Procurava as revistas tipo Fazendeiro Moderno, que traziam fotos de bois. E que me proporcionavam aumentar o gado: nelores, zebus, gir, indo Brasil. Apreciava os bois com corcovas, pareciam mais ferozes, permitiam alucinadas aventuras.

Descia da estante com as revistas, deitava-me sobre os corpos inertes de pano do rebanho, onde encontrava algum conforto, e por ali quase sempre cochilava, entre corcovas e chifres reais e imaginados. Aqueles bonecos, a carcaça preta do touro, os focinhos das mulas recheadas de capim de colchão de alguma maneira me acalentavam, me compreendiam, se ajuntavam ao meu corpo e me abrigavam. E eu saía daquele esconderijo fortalecido. De tal forma, que um dia pude abandoná-lo e procurá-lo no real. As porteiras abertas do mundo, onde guardo as pistas e veredas. Pessoas que amei, que amo e amarei. Bem mais interessante que aqueles tempos de bonecos e panos, mas eles foram essenciais. A fantasia é a oportunidade de simulação. É o rascunho para o que vem depois. Toda realidade é um projeto, que começa na fantasmagoria. Salve a imaginação. Tchou, tchou, tchou, vem cá meu boi.

Dica da Professora, fotógrafa -  Leda Maria Lucas, mineira da gema, radicada em São Paulo 

Publicação autorizada pelo autor do texto - José Antônio Abreu de Oliveira - Cirurgião dentista na cidade de Varre-Sai - RJ.

Enciclopédia do Rádio esportivo Mineiro - Biografia de 382 radialistas

Meu pai, José Céu Azul Soares, fez parte dessa história e está biografado na Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro

 Nair Prata


Maria Cláudia Santos


Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro biografa 382 radialistas
Lançamento será dia 24 de março, 19h, no Mineirão

A história do rádio esportivo de Minas Gerais acaba de ganhar um registro de peso: a Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro, que biografa 382 radialistas de todos os tempos. O livro é fruto de um projeto de pesquisa das jornalistas Nair Prata (UFOP) e Maria Cláudia Santos (Rádio Itatiaia) e contou com a participação de 101 autores, entre professores, pesquisadores, profissionais de mercado e estudantes de graduação e pós-graduação. A obra, publicada pela Editora Insular, tem capa do jornalista e chargista Son Salvador e prefácios do presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Luiz Carlos Gomes e do vice-presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão e diretor-presidente da Rede Itatiaia de Rádio, Emanuel Carneiro. O lançamento do livro, aberto ao público, será no dia 24 de março, das 19h às 22h, no Mineirão.

A professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a jornalista Nair Prata, explica que o trabalho de pesquisa durou três anos e teve o objetivo de realizar um inventário biográfico dos principais profissionais com atuação na editoria de esportes do rádio do Estado. Segundo ela, “o propósito da pesquisa foi contar a história do rádio esportivo mineiro – ou pelo menos parte dela – por meio da trajetória dos profissionais que a construíram”.


A coordenadora de Jornalismo da Rádio Itatiaia, a jornalista Maria Cláudia Santos, lembra que, para ser viabilizado, o projeto buscou parcerias com o mercado, como a AMCE, o Sindicato das Emissoras de Rádio e Televisão de Minas Gerais (SERT-MG), a Multimarcas Consórcios, Minas Arena e Museu Brasileiro do Futebol. Ela explica que, “em momento algum, os patrocinadores fizeram qualquer ingerência no conteúdo da obra ou na escolha dos biografados, mantendo, assim, o produto tal qual foi concebido inicialmente. Cabe ressaltar a importância desta parceria entre academia e mercado, que se mostra profícua quando ambas as partes têm em comum o desejo de produzir e disseminar as pesquisas e o conhecimento”.


As jornalistas organizaram também, em 2012, a Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro, publicada pela Editora Insular, com biografias de 231 radialistas de todos os Estados, trabalho que contou com a participação de 121 autores. A Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro foi um projeto de investigação coletiva do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

A pesquisa para a Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro foi dividida em quatro fases: levantamento dos nomes dos profissionais que já atuaram ou ainda atuam no rádio esportivo mineiro, de setembro/2010 a janeiro/2011; levantamento dos pesquisadores interessados em participar da pesquisa, de fevereiro/2011 a março/2013; coleta de dados e produção dos textos, de março/2011 a dezembro/2013; produção e publicação do livro: a partir de novembro/2013.

Na primeira fase do trabalho, de levantamento dos profissionais que já atuaram ou ainda atuam no rádio esportivo mineiro foram desenvolvidas algumas ações: as autoras entraram em contato com todas as emissoras de rádio de Belo Horizonte que já tiveram ou ainda têm algum tipo de noticiário esportivo e pediram que lhes fosse enviada a relação dos nomes, com possíveis contatos, dos radialistas com passagem pela emissora; entraram em contato com os profissionais mais tradicionais do esporte, do rádio e da comunicação de Minas Gerais e fizeram a eles a seguinte pergunta: quem já trabalhou com rádio esportivo em Minas?;enviaram aos blogs, sites e redes sociais ligados ao rádio e ao esporte um pedido para que as pessoas fizessem listas com nomes de radialistas esportivos; consultaram livros, revistas e sites sobre rádio e esporte em busca de nomes de radialistas; realizaram várias visitas e consultas à AMCE em busca de nomes de radialistas esportivos; com a grande divulgação alcançada pela pesquisa, na mídia, até o encerramento do trabalho ainda chegavam nomes de radialistas para serem incluídos na lista dos biografados; alguns radialistas, ao ficarem sabendo da pesquisa, encontraram em contato com as autoras, se oferecendo para serem biografados.

Essa coleta resultou numa grande profusão de nomes de radialistas enviados por emissoras, torcedores, sites, jornalistas, etc. Algumas rádios, como a Inconfidência e a Itatiaia, por exemplo, enviaram nomes de profissionais que trabalharam na emissora desde a década de 1950. Nenhuma emissora consultada deixou de enviar a relação dos seus radialistas esportivos.Aos poucos, os nomes começaram a se repetir e as organizadoras fecharam a lista inicial em 267 radialistas esportivos para serem biografados. Assim, o planejamento, no começo da pesquisa, foi encerrado a partir da hipótese de que seriam biografados em torno de 250 radialistas esportivos de Minas Gerais.

A professora Nair lembra que, com o passar do tempo e a grande repercussão da pesquisa, no entanto, muitos novos nomes foram sendo agregados a cada dia e, mesmo no fechamento do livro, elas ainda recebiam sugestões para a inclusão de biografias, até mesmo dos próprios radialistas, como um que lhe telefonou e disse: “Eu sou um dos radialistas esportivos mais importantes que Minas Gerais já teve. Fiquei sabendo do livro da senhora e fiquei sabendo também que eu não estou neste livro. Estou à disposição!”.

A jornalista Maria Cláudia conta que até lobby aconteceu para a inclusão de nomes de radialistas na pesquisa. Elas receberam, certa vez, um telefonema de um conhecido, que disse assim: “Fiquei sabendo do seu livro e eu queria ver com você se o meu tio está incluído. Porque se ele não estiver, não vai ser um livro sério. Ele foi o homem mais importante do esporte no rádio de Minas Gerais”. Elas informaram que o tio, já falecido, estava devidamente biografado e até a foto havia sido enviada pela família.

Ao final do trabalho, o número de biografados foi fechado em 382, abrangendo radialistas vivos e falecidos, aposentados e na ativa, jovens e idosos, homens e mulheres, profissionais de microfone e dos bastidores, mas todos eles com uma característica em comum, que foi o norteador da pesquisa: todos com atuação no rádio esportivo de Minas Gerais.

Na segunda fase da pesquisa, de levantamento dos pesquisadores interessados em participar do projeto, as autoras convidaram os professores dos cursos de Comunicação de Belo Horizonte, profissionais de mercado e também estudantes de graduação. Além da Capital, a pesquisa foi realizada também na região dos Inconfidentes e nas cidades de Araxá, Juiz de Fora, Uberaba, Uberlândia e Viçosa, feita por professores e estudantes dessas localidades.

A terceira fase da pesquisa, de coleta de dados e produção de textos, se constituiu na parte mais delicada, trabalhosa e demorada do projeto, segundo a professora Nair. Ela explica que, “apesar de muitos radialistas ainda estarem em atuação no rádio esportivo, o que facilitou os contatos, muitos e muitos outros se encontravam em condições que dificultavam o levantamento de dados, como radialistas falecidos há bastante tempo, radialistas conhecidos apenas pelo apelido ou radialistas que se mudaram de cidade/Estado, sem deixar qualquer referência, entre outras situações”.

A jornalista Maria Cláudia lembra que a localização de alguns radialistas não foi tarefa fácil, pois muitos deles não têm facilidade com a internet e, em alguns casos, nem com o telefone. Assim, certa vez, obtiveram a seguinte informação: “Para se encontrar com este radialista, é só deixar um recado no Café Pérola, pois ele vai lá com frequência”.

Para a coleta dos dados, os pesquisadores usaram vários caminhos, desde os mais tradicionais como a entrevista presencial, entrevista por telefone, e-mail, Facebook, e também a busca por pessoas que, por meio da memória, puderam relatar fatos e passagens acerca da trajetória do biografado.

As pesquisadoras destacam que se trata de uma obra aberta e que o livro é, ainda, uma lista incompleta. Para a professora Nair, “este é o primeiro marco no resgate desses registros”. A jornalista Maria Cláudia completa: “Nossa expectativa é que a lista com os 382 nomes e as próprias biografias sejam reforçadas com a divulgação da pesquisa que publicamos no livro”. Elas lançam um desafio aos pesquisadores de todo o país, para que realizem em seus Estados investigações como esta, de modo que se possa ter, um dia, um registro mais fiel da história do rádio esportivo brasileiro.

O lançamento
Nada melhor do que o Mineirão, maior palco dos esportes do Estado, para lançar a Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro. Os convidados serão recepcionados no Museu Brasileiro do Futebol, que ficará com as portas abertas para visitação. O Museu tem 14 salas interativas que retratam a história do Mineirão e do futebol mineiro, contada por meio de objetos, imagens, paineis e relíquias, como uma catraca original do estádio. “O Mineirão é a segunda casa de muitos radialistas esportivos. Eles passam mais tempo no estádio do que com as famílias, por isso ficamos orgulhosos de receber o lançamento desta importante obra no Museu Brasileiro do Futebol”, afirma o gerente de operações da Minas Arena, Severiano Braga.

Os convidados também poderão fazer uma visita guiada ao Mineirão. De meia em meia hora, serão formados grupos que, acompanhados de monitores bilíngues, irão conhecer os vestiários, camarotes, gramado e sala de aquecimento dos jogadores.

Lista dos 382 radialistas biografados
Abgar Santiago, Adalberto Rigueira, Adamar Gomes, AdelchiZiller, Ademir Cunha, Adilson Bombassaro, Afonso Alberto, Ailton Fonseca, Alair Rodrigues, Alberto Decat, Alberto Rodrigues, Alberto Viana, Aldair Pinto, Alencar da Silveira Júnior, Alfredo Sales, Alisson Ferreira, Almir Roberto, Almir RodriguesAloísio Martins, Altino Alves, Álvaro Celso da Trindade (Babaró),Álvaro Damião, Amarante Ribeiro, Antônio Alves de Faria, Antônio Carlos, Antônio Guilherme da Cunha, Antônio Paulino, Aristóteles Atheniense, Armando Alberto, Artur Moraes, Assad de Almeida, Ataliba Guaritá Neto, Aulus Safar, Ayrton Moreira, Aziz Farid, Bob Faria, Bruno Azevedo, Bruno Marun, CaduDoné, Cardoso Neto, Carlos Alberto (Baiano), Carlos Augusto de Albuquerque, Carlos César Pinguim, Carlos Roberto Ribeiro, Carlos Roberto Sodré, Carlos Sevidanes, Carlos Valadares, Carlyle Guimarães, Celso Martinelli, Celso Squarcio, Cezar Rizzo, Chico Antônio, Chico Maia, Cid Penna, Cláudio Carneiro, Cláudio Luiz Nunes, Cláudio Renault, Cláudio Rezende, Cleto Filho, Cleto Gomes, Cosme Silva, Danielle Rodrigues, Danilo Bahia, David Cabernite, David Ferreira (Duque), Dênio Moreira, Diego Carvalho, Dimara Oliveira, Dirceu Costa Ferreira, Dirceu de Carvalho Buzinare, Dirceu Pereira, DomênicoBhering, Domingos Sávio Baião, Donizete Antônio da Silva, Douglas Xavier, Edison Neptuno, Édson Aquino, Édson Batista, Edson Bruschi, Edson França, Edson Pinheiro, Edson Rocha, Edson Rodrigues, Eduardo Madeira, Eduardo Vilaça, Élio Miranda do Nascimento, Ely Murilo Cláudio, Ely Zico de Freitas, Emanuel Carneiro, Emerson Rodrigues, Emerson Romano, Emir Cordeiro, Enio Lima, Erasmo Ângelo, Esmeraldo Botelho, Euclides dos Santos, Eurico Gade, Eustáquio Néli, Everaldo Melo (Caxinguelê), Fábio Pinel, Fábio Rodrigues, Fábio Vieira, Fabrício Calazans, Fausto Bahia, Felipão, Fernando Alves, Fernando Barroca Marinho, Fernando Luiz Baldioti, Fernando Rocha, Fernando Sasso, Fernando Vannucci, Flávio Anselmo, Flávio Barão, Flávio Carvalho, Flávio Júnior, Fortunato Pinto, Francisco Cícero Ragazzi, Francisco Rezende, GalbaEmílio Lima, Gama, Garcia Júnior, Geraldo Alves Padrão, Geraldo Braga, Geraldo Eustáquio, Geraldo Magela Tavares, Geraldo Maquiné, Geraldo Martins, Gerson Café (Freitas), Gerson Mendes, Gerson Sabino, Getúlio  Neuremberg, Gil Costa, Gilbert de Campos, Gilberto dos Santos, Gilberto Pinheiro (Gil), Gilberto Santana, Gino Beltrão, Giovanni Goulart, Gleno Rocha, Guilherme Gonser, Guilherme Melo, Guilherme Mendes, Guilherme Soares, Guto Rabelo, Hamilton Macedo, Haroldo de Souza, Hélio Aroeira, Hélio Fraga, Hércules Santos, Héverton Guimarães, Hilton Renault, Hugo Aroeira, Hugo Cardoso, Igor Assunção, Ilídio Costa, Inácio Novaes, Ito Abraão, Ivan Costa, Ivanildo Santos, J. Luiz, JacynthoSalviano, Jader de Oliveira, Jaime Júnior, Jaime Martins Filho, Jair Bozza Júnior, Jairo Anatólio Lima, Jairo Augusto, Jairo Estrela, Jairo Taborda, Januário Carneiro, Januário Silvestre, Jayme Rigueira, João Baptista Ardizoni Reis, João Baptista Villalba, João Batista de Oliveira, João Bosco Torres, João Carlos Oliveira, João da Conceição, João Fernando, João Natal, João Siqueira de Souza, João Vitor Xavier, Jonas Conti, Jorge Curi, Jorge Eustáquio Sérvulo, Jorge Kajuru, Jorge Luiz, José Antônio Luiz Filho, José Antonio Valentim, José Augusto Toscano, José Bonifácio da Costa Filho, José CalazansJosé Céu Azul, José Cunha, José de Mattos Coelho, José Geraldo de Moura, José Gonçalves Moreira (Jotinha ), José Herbert, José Jonusan, José Jorge, José Lino Souza Barros, José Luiz Gontijo, José Luiz Lima de Oliveira, José Maria Campos, José Maurício Veiga Lima, José Nardel, José Pedro da Silva (Monkey), José Silvério, Josué da Silveira, Jota Baranda, Jota Cassiano, Jota Junior, Jota Missias, Jota Moreira, Jota Sales, Jovelino Nunes Pinto, Juarez Salles, Juarez Távora Pinto, Jugurta Anatólio Lima, Júlio Batista, Júlio César de Oliveira, Júnior Brasil, Kafunga, Kleber Aleixo, Kleyton Borges, Lázaro Alvisi, Lélio Gustavo, Léo Coutinho, Leonardo Figueiredo, Leonardo Silvestre, Leopoldo Siqueira, Lísio Juscelino Gonzaga (Biju), Lucas Figueiredo, Lucélio Gomes, Luciano Duarte, Lúcio dos Santos, Luís Humberto Lara, Luiz Alberto Coelho Teixeira, Luiz Alberto Tomé, Luiz Antônio Costa, Luiz Augusto Mendonça, Luiz Carlos Alves, Luiz Carlos Gomes, Luiz Chaves, Luiz Cláudio Costa, Luiz Evandro Correa, Luiz Gonzaga Gomes Moreira, Luiz Gonzaga de Oliveira, Luiz Linhares, Luiz Otávio Pena, Marcão (Rodney Marcos Vitor), Marcelo Afonso, Marcelo Bechler Machado, Marcelo Couto, Marcelo Gomes, Marcelo José, Marcelo Machado Silva, Márcio de Freitas, Marcio Doti, Márcio Elias, Márcio Guerra, Marco Antônio Bruck, Marcos Baiano, Marcos Guiotti, Marcos Russo, Marcus Vinicius Papa Lobo, Margarida Magalhães, Mário Alaska, Mário Brito, Mário Helênio, Mário Henrique, Mário Luiz (Sebastião Luiz), Mário Marra, Mário Pataro, Mário Savaget, Marrocos Filho, Mateus Cabral, Maurílio Costa, Maurílio Grillo, Maurílio Cunha, Mauro Batista (Matista), Mauro Neto, Max Chinaiti, Messias José, Michel Ângelo, Milton Colen, Milton Gama, Milton Naves, Moreno Netto, Moura Miranda, Múcio Teixeira, Nair Prata, Nardyello Rocha, Natália de Sá, Nelson Eddy, Ney Lopes, Nilton Gonzaga, Normandes José Moreira, Odilon Araújo, Olímpio Campos (Pinduca), Orlando Augusto, Orlando José, Orlando Moreira, Osmar Xavier, Osvaldo Faria, Osvaldo Reis, Paulo Azeredo, Paulo Celso Rodrigues Ramos, Paulo César Magella, Paulo Marques, Paulo Nunes Vieira, Paulo Roberto Fidélis, Paulo Roberto Pinto Coelho, Paulo Rodrigues, Paulo Santana, Pedro Elias, Pedro Henrique Vieira, Rachid Woner, Rafael Araújo, Ramon Salgado, Régis Souto, Reinaldo, Renato Ribeiro, Ricardo Wagner, Roberto Abras, Roberto Amaral, Roberto Marques, Roberto Rocha, Rodrigo Mineiro, Rodrigo Rocha, Roger Luiz, Rogério Bertho, Rogério Corrêa, Rogério Freitas Muniz, Rogério Silva, Romeu Araújo, Romeu Varzano, Ronan Ramos, Sabino Filho, Samuel Venâncio, Sebastião Remígio, Sérgio Ferrara, Silas Ferreira, Silva Netto, Son Salvador, Sônia Caldas Pessoa, Tancredo Naves, Tânia Mara, Tarcísio Boaventura, Teixeira Neto, Thiago Reis, Tião das Rendas, Toinzé, Tony Copas, Tony José, Tostão, Ulpiano Chaves, Úrsula Nogueira, Valdir Barbosa, Vera Lima, Vicente Gomes, Victor Couri, Vilibaldo Alves, Vitor Nascimento, Wagner Alexandre, Waldir de Castro, Waldir Rodrigues, Walmir Gonçalves de Almeida, Walter Elyzio, Walter Luiz, Wander Santos (Dilson Francisco), Wander Tomaz, Wellington Campos, Wenceslau Resende, William José de Assis, Willian Jorge, Willy Gonser, Wilson José da Silva, Wilson Pedro, XicoSimonini, Zé do Monte, Zezito.

Lista dos 101 autores das biografias
Adriana Bravin, Alessandra Faustino, Aline Aguiar, Allan Almeida, Allãn Passos, Amanda Pereira, Ana Flávia Miranda, Ana Pessoa Santos, André Luís Mapa, André Luiz Silva, André Peixoto, Andreza Gischewski, Ângela de Moura, Bárbara Zdanowsky, Briza Martins, Bruno Torres, Caio Nunes, Camila Freitas, Camila Pravato, Cândida Borges Lemos, Carolina Fernandes, Cíntia Neves, Cíntia Sousa, Cleiton Augusto Soares, Daniel Seabra, Débora Oliveira, Eduardo Almada, Eugene Francklin, Eustáquio Ramos, Fernanda de Paula da Silva, Fernanda Matias,  Fernanda Prata, Flávia Rodrigues, Flaviano da Silva, Guilherme Abreu Guimarães, Gustavo Abreu, Hila Rodrigues, Iromar Pereira Lima (Billy Lima), Jacqueline Apolinário, Jacqueline Moura, Jaqueline Morelo, Jessica Meireles Santana, João Felipe Lolli, Júlia Neves, Juliana Ferreira Melo, Juliana Siqueira Pio, Kátia Pereira, Kelle Lopes, Kíria Ribeiro, Larissa Kümpel, Laura Lana, Leandro Couri, Leo Cunha, Leopoldo Siqueira, Letícia Bessa, Liliane Mendes, Lorena Franco, Luana Aparecida Silva, Luana Viana e Silva, Lucas Ferreira Martin, Luciana Praxedes, Luciano Andrade Ribeiro, Luiz Martini, Luiz Otávio Correa, Maíra Duarte, Marcela dos Santos, Marconi Turci de Lima, Marcos Aurélio Júnior, Marcos Guiotti, Maria Beatriz de Castro, Maria Cláudia Santos, Mariana Goulart Hueb, Maristela Rocha, Maysa Teixeira Souza, Mirna Tônus, Nair Prata, Núbia Maria Silva de Azevedo, Patrícia Alves, Paula Arantes Martins, Paula Miranda, Paula Vieira, Paulo Víctor Gonçalves, Rafael Câmara, Renato Henriques de Faria, Roger Luiz, Samuel Perpétuo, Samuel Santos, Sandra Garcia, Selma Sueli Silva, Sônia Caldas Pessoa, Suzana Rosarantes, Tácito Chimato, Thalita Neves, Thassiana Macedo, Thiago Guimarães Araújo, Vinícius Silveira de Souza, Waldiane de Ávila Fialho, Wanir Campelo, Washington Santana, Yasmim Martins, Yuri Lira.
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SERVIÇO
Lançamento do livro: Enciclopédia do Rádio Esportivo Mineiro
Organização do livro: Nair Prata e Maria Cláudia Santos
Capa: Son Salvador
Editora: Insular
Data: 24 de março de 2014 (segunda-feira)
Horário: 19h às 22h
Local: Mineirão
Apoio: Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Sindicato das Emissoras de Rádio e Televisão de MG (SERT-MG), Multimarcas Consórcios, Minas Arena e Museu Brasileiro do Futebol
Contatos:
Maria Cláudia Santos: mariaclaudiasantos@yahoo.com.br / (31)9757-8756

segunda-feira, 10 de março de 2014

Chá da tarde com Paulo Leminski

Foto: Américo Vermelho - Blog Movimentotavernista

Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Dor elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Invernáculo

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
Quem sabe maldigo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longínqua,
a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase.

O que quer dizer

O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.

M. de memória

Os livros sabem de cor
milhares de poemas.
Que memória!
Lembrar, assim, vale a pena.
Vale a pena o desperdício,
Ulisses voltou de Tróia,
assim como Dante disse,
o céu não vale uma história.
um dia, o diabo veio
seduzir um doutor Fausto.
Byron era verdadeiro.
Fernando, pessoa, era falso.
Mallarmé era tão pálido,
mais parecia uma página.
Rimbaud se mandou pra África,
Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.

Parada cardíaca

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Aviso aos náufragos

Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.
Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não e assim que é a vida?

Amar você é
coisa de minutos…

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui

Poesia:

“words set to music” (Dante
via Pound), “uma viagem ao
desconhecido” (Maiakóvski), “cernes
e medulas” (Ezra Pound), “a fala do
infalável” (Goethe), “linguagem
voltada para a sua própria
materialidade” (Jakobson),
“permanente hesitação entre som e
sentido” (Paul Valery), “fundação do
ser mediante a palavra” (Heidegger),
“a religião original da humanidade”
(Novalis), “as melhores palavras na
melhor ordem” (Coleridge), “emoção
relembrada na tranquilidade”
(Wordsworth), “ciência e paixão”
(Alfred de Vigny), “se faz com
palavras, não com ideias” (Mallarmé),
“música que se faz com ideias”
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa), “um
fingimento deveras” (Fernando
Pessoa), “criticismo of life” (Mathew
Arnold), “palavra-coisa” (Sartre),
“linguagem em estado de pureza
selvagem” (Octavio Paz), “poetry is to
inspire” (Bob Dylan), “design de
linguagem” (Décio Pignatari), “lo
impossible hecho possible” (Garcia
Lorca), “aquilo que se perde na
tradução (Robert Frost), “a liberdade
da minha linguagem” (Paulo Leminski)…

Adminimistério

Quando o mistério chegar,
já vai me encontrar dormindo,
metade dando pro sábado,
outra metade, domingo.
Não haja som nem silêncio,
quando o mistério aumentar.
Silêncio é coisa sem senso,
não cesso de observar.
Mistério, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.
Quando o mistério voltar,
meu sono esteja tão solto,
nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.
Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos
pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,
luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?

Sintonia para pressa e presságio

Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

Não discuto

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Sem título

Eu tão isósceles
Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão
Teses sínteses
Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração
Poemas compilados no BLOG BULA REVISTA

domingo, 9 de março de 2014

Objetivos já alcançados pelo BLOG DO UNIVERSO e fotos de Belo Horizonte

Para quem ainda não conhece, ou faz tempos que não aparece pelas bandas das Minas Gerais. Mostro algumas fotos tiradas do mirante que fica nos altos da Avenida Afonso Pena, localizado atrás da residência oficial do governador do estado.
Como podem ver, o tempo estava virando e ameaçava uma boa chuva.
Aproveito para apresentar, logo abaixo das fotos, as estatísticas do blog e meus agradecimentos a cada visitante e seguidores, pelo apoio e motivação.

 Rua do Amendoim, nessa rua "TUDO" sobe, você pode desligar o motor de seu carro, descer dele e o carro sobe a rua sozinho. Não deixe de conhecer essa rua quando vier a Belo Horizonte. 
Os velhinhos pagam uma fortuna para comprar uma casa ou terreno nessa rua...





Clique nas fotos para ampliar

Grande abraço a todos, do tamanho do UNIVERSO


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Já foram lidas mais de 354.799 páginas pelos visitantes.

Publicamos até a data 939 assuntos (postagens). Temos uma meta de atingir 1.000 publicações até junho próximo

São 146 seguidores que se inscreveram para receber automaticamente novas postagens no blog. Pretendemos atingir 200 seguidores até junho.

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Um blog voltado para o prazer, a alegria e as coisas boas da vida.

Fotos: UNIVERSO - BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - BRASIL

Chá da tarde com Fernando Pessoa

Fernando Pessoa - 10 anos

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

O guardador de rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Ode marítima

Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pró lado da barra, olho pró Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.

Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.

Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Todo o atracar, todo o largar de navio,
É – sinto-o em mim como o meu sangue -
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui…

Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui…
A que distância!…
(Nem o acho…)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes…
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos…
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Todas as cartas de amor…

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

O cego e a guitarra

O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua
Oiço: cada som é consigo.

Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.

Depois de eu cessar, o ruído.
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada.

Cheguei à janela
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.

Ambos fazem pena,
São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.

Eu também sou um cego
Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.

Foto: Internet 

Poemas compilados no BLOG BULA REVISTA

quarta-feira, 5 de março de 2014

Prato do dia - Salada de rúcula baby, salsinha, mussarela de búfala, tomate cereja, amêndoas tostadas


Essa salada simples e prática pode ser acrescentada de outras folhas verdes, a seu gosto, hortelã, alface americana, agrião.

As amêndoas devem ser tostadas em uma frigideira sobre fogo médio e mexer sempre para que não passe do ponto e queime.

Prepare um molho a base de azeite extra virgem, suco de limão siciliano ou comum, sal a gosto.

Ingredientes: serve 4 pessoas

Dependendo do número de convidados aumente a quantidade dos ingredientes

1  rúcula baby hidropônica
1  salsinha - depende do tamanho do molhe
1  mussarela de búfala - bolinha ou média
1 embalagem de tomate cereja
3 colheres (sopa) de amêndoas em lâminas
Sal quanto baste
Azeite extra virgem - 4 a 5 colheres (sopa)
Suco de 1/2 limão

Preparo:

Lave as folhas e tomates, deixe de molho com água sanitária ou desinfetante de verduras, em uma vasilha com água que cubra todas as folhas, por cerca de 20 minutos.
Escorra, lave bem e deixe escorrer e seque bem as folhas
Corte os tomates e mussarelas ao meio.

Na travessa em que for servir a salada, arranje as folhas e os demais ingredientes.

Numa molheira coloque o azeite, o suco de limão, mexa bem para incorporar e apure o sal. Se o molho estiver ácido acrescente um pouco mais de azeite e misture.

Sirva a salada e deixe que cada convidado tempere com o molho, a seu gosto.

Preparo da salada e foto: UNIVERSO

segunda-feira, 3 de março de 2014

Ó Capitão! Meu Capitão! - Walt Whitman

Walt Whitman

Ó Capitão! meu Capitão! Finda é a temível jornada, Vencida cada tormenta, a busca foi laureada. O porto é ali, os sinos ouvi, exulta o povo inteiro, Com o olhar na quilha estanque do vaso ousado e austero. Mas ó coração, coração! O sangue mancha o navio, No convés, meu Capitão Vai caído, morto e frio.
Ó Capitão! meu Capitão! Ergue-te ao dobre dos sinos; Por ti se agita o pendão e os clarins tocam teus hinos. Por ti buquês, guirlandas... Multidões as praias lotam, Teu nome é o que elas clamam; para ti os olhos voltam, Capitão, querido pai, Dormes no braço macio... É meu sonho que ao convés Vais caído, morto e frio.
Ah! meu Capitão não fala, foi do lábio o sopro expulso, Meu calor meu pai não sente, já não tem vontade ou pulso. Da nau ancorada e ilesa, a jornada é concluída. E lá vem ela em triunfo da viagem antes temida. Povo, exulta! Sino, dobra! Mas meu passo é tão sombrio... No convés meu Capitão Vai caído, morto e frio.

Para não dizerem que não falei de flores

 
 Breve teremos as pitangas de volta.



Fotos: UNIVERSO - Praça da Lagoa Seca - Belvedere - Belo Horizonte - Minas - Brasil

Chá da tarde com Carlos Drummond de Andrade

Foto:UNIVERSO - Praça da Lagoa Seca - Belvedere - Belo Horizonte - Minas Gerais  Brasil

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
Depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

Poema da purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.
As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Tarde de Maio

Como esses primitivos que carregam por toda parte o
maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não perceptível, tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh’alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza
sem fruto.
Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto e passa…
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.
Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.
E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.
Nunca há testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muitos.
Quem reconhece o drama, quando se precipita, sem máscara?
Se morro de amor, todos o ignoram
e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.
O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Canção Final

Oh! se te amei, e quanto!
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
de exagerar as distâncias.
Tudo tão triste, e o mais triste
é não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
de acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! se te amei, e quanto,
quer dizer, nem tanto assim.

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

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