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terça-feira, 7 de novembro de 2017

Acordar - Ana Carolina

Foto: Internet - SUCKMYPIXXXEL


Acordar de manhã
Com a cama fria, vazia
O corpo quente de desejo
A alma lavada para enfrentar um novo dia
Acordar de manhã
Arrastar-se até o chuveiro
E só então despertar, com a água morna pelo corpo
Arrumar-se, da melhor forma possível,
Tomar o café às pressas para não perder a hora
E sair deixando no ar o perfume fresco...
Esse não é o acordar que eu desejo......
Essa é minha rotina.
O perfeito acordar seria
Aninhada em teus braços, nua
Quente, protegia, saciada
Ser convidada a despertar com afagos e beijos discretos
E uma ducha gostosa sem pressa
Como se fosse a primeira vez
E Fazer amor gostoso ali mesmo, no chuveiro
Para começar bem o dia
E gastar todas as energias 
Para, enfim, dormir novamente ao anoitecer
E novamente acordar de manhã... ao seu lado.
PESQUISA: INTERNET - POEMA E PINTURA

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Vesperal - Cruz e Souza

Entardecer Digital - Chicureo - Chile - UNIVERSO

Tardes de ouro para harpas dedilhadas
Por sacras solenidades
De catedrais em pompa, iluminadas
Com rituais magestades.

Tardes para quebrantos e surdinas
E salmos virgens e cantos
De vozes celestiais, de vozes finas
De surdinas e quebrantos...

Quando através de altas vidraçarias
De estilos góticos, graves,
O sol, no poente, abre tapeçarias,
Resplandecendo nas naves...

Tardes augustas, bíblicas, serenas,
Com silêncio de ascetérios
E aromas leves, castos, de açucenas
Nos claros ares sidéreos...

Tardes de campos repousados, quietos.
Nos longes emocionantes...
De rebanhos saudosos, de secretos
Desejos vagos, errantes...

Ó tardes de Beethoven, de sonatas,
de sentimento aério e velho...
Tardes da antiga limpidez das pratas,
De epístolas do Evangelho!

Pesquisa: Internet - FOTO: UNIVERSO

sexta-feira, 21 de abril de 2017

L'amitié - A Amizade - François Hardy - Filme Invasões Bárbaras




L'amitié

Beaucoup de mes amis sont venus des nuages
Avec soleil et pluie comme simples bagages
Ils ont fait la saison des amitiés sincères
La plus belle saison des quatre de la terre

Ils ont cette douceur des plus beaux paysages
Et la fidélité des oiseaux de passage
Dans leurs cœurs est gravée une infinie tendresse
Mais parfois dans leurs yeux se glisse la tristesse

Alors, ils viennent se chauffer chez moi
Et toi aussi tu viendras

Tu pourras repartir au fin fond des nuages
Et de nouveau sourire à bien d'autres visages
Donner autour de toi un peu de ta tendresse
Lorsqu'un autre voudra te cacher sa tristesse

Comme l'on ne sait pas ce que la vie nous donne
Il se peut qu'à mon tour je ne sois plus personne
S'il me reste un ami qui vraiment me comprenne
J'oublierai à la fois mes larmes et mes peines

Alors, peut-être je viendrai chez toi
Chauffer mon cœur à ton boi


A Amizade

Muitos de meus amigos vieram das nuvens,
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.

Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.

Então, vêm se aquecer comigo,
e você também virá.

Poderá retornar às nuvens,
E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguém quiser esconder sua tristeza.

Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.

Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.

Pesquisa: Vídeo YouTube - Letras Internet

domingo, 12 de março de 2017

To Remember Me - Um Poema de Robert N. Test - Vida após a vida - Doamos nossos corpos para estudos e salvar vidas

Foto:  OBVIUS MAGAZINE - INTERNET - http://obviousmag.org/

Eu e minha esposa fizemos a doação de nossos corpos para a Faculdade de Medicina da UFMG em Belo Horizonte - Minas Gerais.

Legamos nossos corpos para que sejam mais úteis, que ajudem ao aprendizado, a novas curas, técnicas de tratamentos e cirurgias, proporcionando uma esperança e melhor qualidade de vida às pessoas que venham necessitar da medicina no futuro. 

O processo de doação é simples, rápido e desburocratizado.

As reuniões são em grupo. Em nosso grupo haviam 6 (seis) pessoas. No grupo anterior foram 17 pessoas que também optaram pela doação.

Essa é uma decisão que pode se tomada na hora ou não. 

Se você optar a não fazer a doação, não há a mínima pressão. 

Se você fizer a doação e depois desistir, basta comunicar a faculdade.

Detalhe interessante, havia um senhor de 93 anos, que foi sozinho, com uma vitalidade física e mental invejável, que optou pela doação.


É tudo muito leve e tranquilo, inclusive com boas tiradas de humor dos participantes.

Preferimos que nossos corpos ajudem a salvar outras vidas, em vez de deixá-los simplesmente apodrecer ou serem cremados.

Vamos dar "VIDA APÓS A VIDA"

Quem desejar fazer a doação de seu corpo para a Faculdade em Belo Horizonte, basta ligar para o telefone: 31 - 3409-9739, falar com Sr. José Henrique, que marcará a reunião para esclarecer todas a dúvidas e procedimentos.

Abaixo um poema que é bem tocante e verdadeiro, chama-se Lembre-se de mim (To Remember-me), ou, esse é o NOSSO TESTAMENTO.
 
To remember-me (Lembre-se de mim)

Dê a minha visão para o homem que nunca viu um nascer do sol, o rosto de um bebê, ou o amor nos olhos de uma mulher.

Dê o meu coração a uma pessoa cujo coração não causou nada além de intermináveis ​​dias de dor.

Dê o meu sangue ao adolescente que foi puxado dos destroços de seu carro, para que ele pudesse viver para ver seus netos brincarem.

Dê meus rins a alguém que depende de uma máquina para existir de semana para semana.

Leve meus ossos, cada músculo, cada fibra e nervo em meu corpo e encontre uma maneira de fazer uma criança aleijada andar.

Se você deve enterrar alguma coisa, que sejam minhas falhas, minhas fraquezas e todo preconceito contra meu próximo.

Dê meus pecados ao diabo.

Dê a minha alma a Deus.

Se, por acaso, você quiser se lembrar de mim, faça-o com uma espécie de ação ou palavra para alguém que precisa de você. Se você fizer tudo o que eu pedi, eu viverei para sempre.

(Por Robert N. Teste, poeta americano)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A uma mulher amada - SAFO DE LESBOS

Imagem: Internet - suckmypixxxel

Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro ... eu tremo.

(de "Clássicos do erotismo, vol. 2")

Resultado de imagem
Safo - foi uma poetisa membro da aristocracia e importante representante feminina da lírica grega. Faz parte dos nove poetas líricos do período arcaico.
Nasceu e morreu na ilha de Lesbos , na Grécia


Do BLOG: ANEL DE POESIA
POESIA ERÓTICA
cseabra@utopia.com.br

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Mundo Grande - Carlos Drummond de Andrade


Arte Meu Mundo - UNIVERSO

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Vesperal - Cruz e Souza

Entardecer Digital - Chicureo - Chile - UNIVERSO


Tardes de ouro para harpas dedilhadas
Por sacras solenidades
De catedrais em pompa, iluminadas
Com rituais magestades.

Tardes para quebrantos e surdinas
E salmos virgens e cantos
De vozes celestiais, de vozes finas
De surdinas e quebrantos...

Quando através de altas vidraçarias
De estilos góticos, graves,
O sol, no poente, abre tapeçarias,
Resplandecendo nas naves...

Tardes augustas, bíblicas, serenas,
Com silêncio de ascetérios
E aromas leves, castos, de açucenas
Nos claros ares sidéreos...

Tardes de campos repousados, quietos.
Nos longes emocionantes...
De rebanhos saudosos, de secretos
Desejos vagos, errantes...

Ó tardes de Beethoven, de sonatas,
de sentimento aério e velho...
Tardes da antiga limpidez das pratas,
De epístolas do Evangelho!



quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Certezas - Adriana Brito

MARINHA DIGITAL - PORTO DE GALINHAS - PERNAMBUCO - UNIVERSO


Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas quem gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…

E que esse momento será inesquecível..

Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obtenha êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ela é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…

e que valeu a pena. 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

MPQ - Música Popular de Qualidade - A mesma rosa amarela - Maysa Matarazzo - Música de Capiba e Carlos Pena Filho


Foto: UNIVERSO - CHICUREO - CHILE

A MESMA ROSA AMARELA

Você tem,
Quase tudo dela,
O mesmo perfume,
A mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Só não tem o meu amor.

Mas nesses dias de carnaval,
Para mim você vai ser ela,
O mesmo perfume a mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Mas não sei o que será,
Quando chegar a lembrança dela,
E de você apenas restar,
A mesma rosa amarela





Dica da Música da amiga de Recife, Iracema Persivo
Vídeo: YouTube
Foto: Universo
Rosa amarela: Cultivada por Alfredo Ávalos , do Chile

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Folia - Boca Livre - Participação de Beto Guedes



Se a sanfona chora eu canto
Canto de coração
Quando a folia passa
Puxando a multidão
Mão de pegar enxada
Dura como uma pedra
Quando pega na sanfona
É rosa amarela
Voz que com o gado berra
Já criou calo na goela
Quando vem cantar folia
Vai pintando uma aquarela
Quando vem cantar folia
Vai pintando uma aquarela
Êh, minha folia
Minha estrela do oriente
Luz da estrada vem e guia
O destino dessa gente

CD Boca Livre Convida - 20 anos (1997) 
Dica da amiga Silvana Faião que tá la longe

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Ai, andar andei! Chico Anysio e Arnaud Rodrigues - Baiano e os Novos Caetanos



Ai, andar andei!
Ai, como eu andei!
E aprendi a nova lei:
Alegria em nome da rainha
E folia em nome de rei!
Alegria em nome da rainha
E folia em nome de rei!
Ai, mar marujei!
Ai, eu naveguei!
E aprendi a nova lei:
Se é de terra que fique na areia
O mar bravo só respeita rei!
Se é de terra que fique na areia
O mar bravo só respeita rei!
Ai, voar voei!
Ai, como eu voei!
E aprendi a nova lei:
Alegria em nome das estrelas
E folia em nome de rei!
Alegria em nome das estrelas
E folia em nome de rei!
Ai, eu partirei!
Ai, eu voltarei!
Vou confirmar a nova lei:
Alegria em nome de Cristo
Porque Cristo foi o Rei dos reis!
Alegria em nome de Cristo
Porque Cristo foi o Rei dos reis!
Alegria em nome de Cristo
Porque Cristo foi o Rei dos reis!
Alegria em nome de Cristo
Porque Cristo foi o Rei dos reis!

Dica da amiga Silvana Faiãi das profundas do coração e do Brasil

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Difícil fotografar o silêncio - Manoel de Barros


Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta.
Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre.
Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski – seu criador.
Fotografei a nuvem de calça e o poeta.Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal
Dica do amigo Paulo Claussen - via Facebook

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Carta a Gustavo Teixeira - Pedro Luis de Aguiar

Poesia do amigo Pedro Luis de Aguiar que conquistou  honroso segundo lugar no concurso de poesias criadas, como parte das comemorações da Semana Gustavo Teixeira.


  


Gustavo de Paula Teixeira (São Pedro, 4 de Março de 1881 — São Pedro, 22 de Setembro de 1937) foi um poeta brasileiro, de tendências literárias entre o Parnasianismo e Simbolismo, peculiares as primeiras décadas do Século XX.




PEDRO LUÍS DE AGUIAR


Carta a Gustavo Teixeira

Caro Gustavo, inda que não me conheça, tomei a liberdade
 de a você escrever, para satisfazer uma grande curiosidade,
 que hoje, mais do que nunca, me deixa bastante intrigado.

Como você, em época tão distante, quase uma eternidade,
 uma obra tão densa e profunda, de gerar teve capacidade?
 Você deixa, na arte da poesia, um admirador extasiado.

Como se inspirar? Pesquisar? A muitos temas dar propriedade?
 Ritmos, métricas, rimas, sonoridade, tonicidade, musicalidade?
 Lugares e pessoas, flores e amores, um vocabulário rebuscado?

A luz que o inspirou, só pode ter vindo do amor, celestialidade.
 Para na terra se materializar, em forma de poesia, em verdade.
 Do Velho ao Novo testamento, do fato presente ao passado.

Ah! Mulheres, rosas, casa paterna. Sentimentos de saudade.
 A embalar corações, a estimular mentes. Poesia e realidade.
 Versos e emoções. Frases e razões. Um inestimável legado.

Causa espanto e admiração, a sua grande versatilidade
 Entre o Parnasianismo e o Simbolismo, transitou com facilidade
 No primeiro, da mitologia grega, do Apolo consagrado.

E, no segundo, na “arte pela arte”, fatos históricos com criatividade.
 Fiel à forma, às rimas raras, à preciosidade.
 Rítmico e vocabular, cada verso estruturado.

Eu me surpreendo, como se filmado fosse, o visual de veracidade
 da enigmática Cleópatra, descrita com incomum autoridade.
 “E a Náiade do Egito, ao ver a frota ingente de Marco Antônio, ri, levando unicamente contra as lanças de Roma a graça de um sorriso.”

Objetos e paisagens, detalhados com rara capacidade.
 Flui a narrativa, em meio à emoção, do forte apelo à saudade.
 Como em Casa Paterna: “Da velha casa em que a manhã da vida passei, conservo uma lembrança exata: Antes de eu vir ao mundo foi erguida perto da serra, quase ao pé da mata”.
 E a perfeita descrição se encerra em tom emocionado...
 “O ribeirão, o cafezal, a horta...Ah! Que saudade o coração me corta do lar querido que deixei chorando!”

Ah, você foi um ícone do Simbolismo, valorizou a subjetividade,
 o seu eu, o particular e o individual, sem a visão com generalidade.
 e do Romantismo também se enamorou, um romance privilegiado.

Aos seus versos trouxe o imaginário, a fantasia, musicalidade.
 Sem lógica ou sem razão, com intuição interpretou a realidade,
 Se necessário foi vago, indefinido, impreciso... um verso inacabado.

Uma obra genuína, marcante, sempre plena de atualidade,
 que, a despeito do momento, a tudo tratou com fidelidade.
 Fatos e imagens, no presente e no passado.

Conta a história, a sua retraída e tímida personalidade.
 Em São Paulo não se adaptou à já vibrante realidade.
 Na volta a São Pedro, mantém-se aconchegado.

Conta a história, a sua reconhecida humildade.
 Em tudo e com todos, evidenciava a simplicidade
 Própria dos soberanos, do espírito elevado.

A sua história, também contava meu pai, com grande saudade.
 E que seus manuscritos organizou, há quase uma eternidade,
 E que por você, no caminho das letras foi influenciado.

Ah, doces lembranças de meu pai, emocionante saudade.
 Bem que eu tento, de vocês dois, ter a mínima capacidade
 de escrever algumas linhas, mas não me faço de rogado.

 Reconheço a dupla sabedoria, aprecio a dupla humildade,
 e ouso, nas rimas pobres, pobres versos, mostrar autenticidade.
 Feliz aquele que desfrutou mínima parte de seu legado.
 A você, Gustavo, e pela sua eterna obra, o meu muito obrigado

Fotos: Gustavo Teixeira - Pedro Luis de Aguiar - Texto e poema: Facebook e Internet 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

MPQ - Música Popular de Qualidade - Lua Branca - Chiquinha Gonzaga

Foto: UNIVERSO - Lua cheia vista de minha janela

Minha mulher recebeu de uma amiga e me enviou o vídeo abaixo com a música de Chiquinha Gonzaga - LUA BRANCA.
Publiquei mais dois vídeos com a mesma música nas interpretações de Maria Bethânia e Verônica Sabino e em seguida a letra da música.
Essa é uma música eterna na cultura brasileira. Melodia e letra de rara beleza, simples, onde mais uma vez fica claramente demonstrado que o menos é mais. E que o amor é tema eterno.

Boa audição.

.
Interpretação de Marcus Viana e Maria Tereza madeira






LUA BRANCA

Oh, lua branca de fulgores e de encanto, 
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo, 
Vem tirar dos olhos meus, o pranto, 
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo. 

Ai, por quem és, desce do céu, ó lua branca, 
Essa amargura do meu peito, ó vem e arranca, 
Dá-me o luar da tua compaixão, 
Oh, vem, por Deus, iluminar meu coração. 

E quantas vezes, lá no céu, me aparecias, 
A brilhar em noite calma e constelada. 
A sua luz então me surpreendia 
Ajoelhado junto aos pés da minha amada. 

Ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo, 
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo. 
Ela partiu, me abandonou assim, 
Oh, lua branca, por quem és, tem dó de mim! 


LUA BRANCA

MODINHA, da burleta de costumes cariocas FORROBODÓ

Uma das mais célebres canções brasileiras e das mais conhecidas composições de Chiquinha Gonzaga, a modinha Lua branca tem história cercada de mistério. Foi escrita para a burletaForrodobó, representada no Teatro São José em junho de 1912, como modinha das personagens Sá Zeferina e Escandanhas, cujos versos originais mantêm o espírito de caricatura da peça. Em 1929, apareceu essa versão romântica com o título Lua branca gravada pelo cantor Gastão Formenti, sem que se conheça até hoje a autoria dos versos e do novo título. Entre as duas versões, houve um “arranjo” em disco com o título de Lua de fulgores, pelo cantor R. Ricciardi, pseudônimo do paulista Paraguassu, mas foi a versão gravada por Gastão Formenti, acompanhado ao piano pelo professor J. Otaviano, e a edição das Irmãos Vitale com harmonização feita pelo pianista que se consagrou. Chiquinha Gonzaga teve que reclamar a autoria da modinha, denunciando o plágio e obtendo a vitória através da Sbat, entidade fundada por ela. A versão original foi gravada como cena cômica por Pinto Filho e Maria Vidal, em 1930, com o título de Sá Zeferina. Também a melodia original com versos de Paulo César Pinheiro, tendo como título Serenata de uma mulher, foi gravada por Olívia Hime, em 1998. Já a versão canonizada como Lua branca tem numerosos registros fonográficos por cantores e instrumentistas como Paulo Tapajós, Paulo Fortes, Rosemary, Vânia Carvalho, Maria Bethânia, Verônica Sabino, Leila Pinheiro, Joana, Alessandra Maestrini, Antonio Adolfo, Eudóxia de Barros, Rosária Gatti, Marcus Vianna, Maria Teresa Madeira, Leandro Braga.

Vídeos: YouTube
Letra e pesquisa: Acervo Musical
Chiquinha Gonzaga
Foto: UNIVERSO

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Os Cinco Motivos da Rosa - Cecília Meireles - 113 anos de seu nascimento


  1. Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. Nasceu dia 7 de novembro de 1901 e morreu dia 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.
  2. Primeiro Motivo da Rosa

    Vejo-te em seda e nácar,
    e tão de orvalho trêmula, 
    que penso ver, efêmera,
    toda a Beleza em lágrimas
    por ser bela e ser frágil.

    Meus olhos te ofereço:
    espelho para a face
    que terás, no meu verso,
    quando, depois que passes,
    jamais ninguém te esqueça.

    Então, de seda e nácar,
    toda de orvalho trêmula, 
    serás eterna. E efêmero
    o rosto meu, nas lágrimas
    do teu orvalho... E frágil.
  3. Segundo Motivo da Rosa
  4. (a Mário de Andrade)
  5. Por mais que te celebre, não me escutas, 
    embora em forma e nácar te assemelhes 
    à concha soante, à musical orelha 
    que grava o mar nas íntimas volutas. 
    Deponho-te em cristal, defronte a espelho, 
    sem eco de cisternas ou de grutas... 
    Ausências e cegueiras absolutas 
    ofereces às vespas e às abelhas. 
    e a quem te adora, ó surda e silenciosa, 
    e cega e bela e interminável rosa, 
    que em tempo e aroma e verso te transmutas! 
    Sem terra nem estrelas brilhas, presa 
    a meu sonho, insensível à beleza 
    que és e não sabes, porque não me escutas... 
  6. Terceiro Motivo da Rosa
  7. Se Omar chegasse 
     esta manhã, 
    como veria a tua face, 
    Omar Khayyam, 
    tu, que és de vinho 
    e de romã, 
    e, por orvalho e por espinho, 
    aço de espada e Aldebarã? 
    Se Omar te visse 
    esta manhã, 
    talvez sorvesse com meiguice 
    teu cheiro de mel e maçã. 
    Talvez em suas mãos morenas 
    te tomasse, e dissesse apenas: 
    “É curta a vida, minha irmã”. 
    Mas por onde anda a sombra antiga 
    do amargo astrônomo do Irã? 
    Por isso, deixo esta cantiga 
    - tempo de mim, asa de abelha - 
    na tua carne eterna e vã, 
    rosa vermelha! 
    Para que vivas, porque és linda, 
    e contigo respire ainda 
    Omar Khayyam. 

Quarto Motivo da Rosa

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Quinto Motivo da Rosa

Antes do teu olhar, não era, 
nem será depois, - primavera. 
Pois vivemos do que perdura, 
não do que fomos. Desse acaso 
do que foi visto e amado: - o prazo 
do Criador na criatura... 
Não sou eu, mas sim o perfume 
que em ti me conserva e resume 
o resto, que as horas consomem. 
Mas não chores, que no meu dia, 
há mais sonho e sabedoria 
que nos vagos séculos do homem. 

Pesquisa, poemas e fotos: Internet

terça-feira, 4 de novembro de 2014

QUEM SABE?! ... - Florbela Espanca


Foto enviada via FB, pelo amigo Eric Cohen

Eu sigo-te e tu foges. É este o meu destino:
Beber o fel amargo em luminosa taça,
Chorar amargamente um beijo teu, divino,
E rir olhando o vulto altivo da desgraça!

Tu foges-me, e eu sigo o teu olhar bendito;
Por mais que fujas sempre, um sonho há de alcançar-te
Se um sonho pode andar por todo o infinito,
De que serve fugir se um sonho há de encontrar-te?!

Demais, nem eu talvez, perceba se o amor
É este perseguir de raiva, de furor,
Com que eu te sigo assim como os rafeiros leais.

Ou se é então a fuga eterna, misteriosa,
Com que me foges sempre, ó noite tenebrosa!
Por me fugires, sim, talvez me queiras mais!

Noite de Saudade - Florbela Espanca

 

A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
é que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite! ... Ou de ninguém! ...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

domingo, 19 de outubro de 2014

Rosário - Vinicius de Moraes








Rio de Janeiro , 1946

E eu que era um menino puro 
Não fui perder minha infância 
No mangue daquela carne! 
Dizia que era morena 
Sabendo que era mulata 
Dizia que era donzela 
Nem isso não era ela 
Era uma moça que dava. 
Deixava... mesmo no mar 
Onde se fazia em água 
Onde de um peixe que era 
Em mil se multiplicava 
Onde suas mãos de alga 
Sobre meu corpo boiavam 
Trazendo à tona águas-vivas 
Onde antes não tinha nada. 
Quanto meus olhos não viram 
No céu da areia da praia 
Duas estrelas escuras 
Brilhando entre aquelas duas 
Nebulosas desmanchadas 
E não beberam meus beijos 
Aqueles olhos noturnos 
Luzindo de luz parada 
Na imensa noite da ilha! 
Era minha namorada 
Primeiro nome de amada 
Primeiro chamar de filha... 
Grande filha de uma vaca! 
Como não me seduzia 
Como não me alucinava 
Como deixava, fingindo 
Fingindo que não deixava! 
Aquela noite entre todas 
Que cica os cajus! travavam! 
Como era quieto o sossego 
Cheirando a jasmim-do-cabo! 
Lembro que nem se mexia 
O luar esverdeado 
Lembro que longe, nos Ionges 
Um gramofone tocava 
Lembro dos seus anos vinte 
Junto aos meus quinze deitados 
Sob a luz verde da lua. 
Ergueu a saia de um gesto 
Por sobre a perna dobrada 
Mordendo a carne da mão 
Me olhando sem dizer nada 
Enquanto jazente eu via 
Como uma anêmona na água 
A coisa que se movia 
Ao vento que a farfalhava. 
Toquei-lhe a dura pevide 
Entre o pêlo que a guardava 
Beijando-lhe a coxa fria 
Com gosto de cana brava. 
Senti à pressão do dedo 
Desfazer-se desmanchada 
Como um dedal de segredo 
A pequenina castanha 
Gulosa de ser tocada. 
Era uma dança morena 
Era uma dança mulata 
Era o cheiro de amarugem 
Era a lua cor de prata 
Mas foi só naquela noite! 
Passava dando risada 
Carregando os peitos loucos 
Quem sabe para quem, quem sabe? 
Mas como me seduzia 
A negra visão escrava 
Daquele feixe de águas 
Que sabia ela guardava 
No fundo das coxas frias! 
Mas como me desbragava 
Na areia mole e macia! 
A areia me recebia 
E eu baixinho me entregava 
Com medo que Deus ouvisse 
Os gemidos que não dava! 
Os gemidos que não dava... 
Por amor do que ela dava 
Aos outros de mais idade 
Que a carregaram da ilha 
Para as ruas da cidade 
Meu grande sonho da infância 

Angústia da mocidade.
FOTO: Enviada via FB, pelo amigo ERIC COHEN