quinta-feira, 15 de maio de 2014

Noite de lua cheia, vire um Batman

Foto: INTERNET

Hoje, noite de lua cheia. 

Noite de gato preto, mesmo, que à noite todos os gatos sejam pardos.

Lobos, coiotes, lobisomens, vampiros e mulheres misteriosas, sairão a procura de suas caças.

Cuidem-se, armem-se de crucifixo, réstia de alho, água benta, marreta e estaca de pau, ramo de arruda, terço, arma com bala de prata, sal grosso, arma de grosso calibre e muita coragem.

Isso, para enfrentar os lobos, coiotes, lobisomens e vampiros.

Agora, para enfrentar as mulheres misteriosas, um bom banho, barba feita, desodorante, um bom perfume, roupa esportiva descolada, grana e cartão de crédito ilimitado, carrão, ou então, tire a sua Harley da garagem. Escolha um bom restaurante.

Mas, se ela, deve continuar misteriosamente secreta, prepare o seu matadouro.

Faça um belo jantar. Da sua adega, abra o que tiver de melhor. Selecione os melhores clássicos da música, não poupe nas velas e flores. Deixe a hidro preparada com espumas.

E deixe que ela te destrua, seja o que der e vier.

Vista sua melhor fantasia de Batman e caia nessa festa.

Poema da amante - Adalgiza Nery (Seu último poema)

FOTO: ROBERT ALVAREZ - INTERNET


 Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo
cair sobre mim
Suavemente....


(in Revista da ABL, nº 341, 1981, pág. 108)

DICA DO EDMUNDO GERMANO ALVARENGA - Blog do Alvarenga

http://blogspot.legalvarenga.com, MINEIRO ACARIOCADO.

A Porta - Vinicius de Moraes

FOTO: INTERNET


Eu sou feita de madeira

Madeira, matéria morta

Mas não há coisa no mundo

Mais viva do que uma porta.

Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.

Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.

Eu sou muito inteligente!

Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!

Carpe Diem - Horácio - Colha o dia, aproveite o dia, curta esse momento, aqui e agora -

FOTO : INTERNET - Enviada por Eric Cohen ?

Colha o dia, confia o mínimo no amanhã.

Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses darão a mim ou a você,

Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia não brinque.

É melhor apenas lidar com o que cruza o seu caminho.

Se muitos invernos Júpiter te dará ou se este é o último, que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar.

Tirreno: seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo reescale suas esperanças.

Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está fugindo de nós.

Colha o dia, confia o mínimo no amanhã.

Podemos sempre ser melhores. Basta pensarmos melhor.


LATIM

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.

TRADUÇÃO

Tu não indagues (é ímpio saber) qual o fim que a mim e a ti os deuses
tenham dado, Leuconoé, nem recorras aos números babilônicos. Tão
melhor é suportar o que será! Quer Júpiter te haja concedido muitos
invernos, quer seja o último o que agora debilita o mar Tirreno nas
rochas contrapostas, que sejas sábia, coes os vinhos e, no espaço
breve, cortes a longa esperança. Enquanto estamos falando, terá
fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos confia no de
amanhã.

(Trad: ACHCAR, Francisco. Lírica e lugar-comum: alguns temas de Horácio e sua presença em português. São Paulo: Edusp, 1994. p. 88)

Odes (I, 11.8) do poeta romano Horácio (65 - 8 AC)

Aquela - Darcy Ribeiro


Foto: Internet - Blog Bel Prazer

Minha amada é de carne, 
de pele e pelo.
Ora é negra, ora é loura, ora é vermelha.
Minha amada é três. É trinta e três.
Minha amada é lisa, é crespa, é salgada, é doce.
Ela é flor, é fruto, é folha, é tronco.
Também é pão, é sal e manga-rosa.
Minha amada é cidade de ruas e pontes.
É jardim de arrancar flores pelo talo.
Ela é boazuda e é bela como uma fera.
Minha amada é lúbrica, é casta, é catinguenta.
Minha amada tem bocas e bocas de sorver,
de sugar, de espremer, de comer.
Minha amada é funda, latifúndia.
Minha amada é ela, aquela que não vem.
Ainda não veio, nunca veio, ainda não.
Mas virá, ora se virá. A diaba me virá.