quarta-feira, 31 de março de 2010

Festa de Lecticia ou de Iracema no Nordeste do Brasil

Lecticia Cavalcanti - jornalista e escritora

Baseado no filme a Festa de Babette, a jornalista Lecticia Cavalcanti, sugere uma festa com um jantar feito com comidas regionais do Nordeste. Abaixo a segunda parte de seu texto sobre o filme a Festa de Babette e as receitas que ela sugere. Esse jantar também pretendo preparar.

"A história é universal. E poderia ser contada aqui mesmo, com personagens e ambientes do Nordeste brasileiro. Em vez do Mar do Norte a história se passaria, por exemplo, às margens do rio Vasa Barris. No arraial de Canudos, interior da Bahia, quase fronteira com Pernambuco. O fundador da seita religiosa seria então Antonio Vicente Mendes Maciel, conhecido pelos seus como Santo Antonio Conselheiro, Bom Jesus Conselheiro ou, mais simplesmente, Antonio Conselheiro. Nômade, sempre vestido de preto, foi descrito por Câmara Cascudo como "frugal, austero, exigente, disciplinado e casto". Pregava um evangelho farto em castigos e marcado pelo combate ao pecado. E criou uma comunidade baseada na posse comum da terra, dos rebanhos e da comida. No artigo anterior, tivemos as receitas originais do jantar de Babette. Já a proposta do texto de agora, é mostrar como poderia ser um jantar como esse aqui no Nordeste. Trocando, em pratos assemelhados, a sofisticação do ambiente europeu pela simplicidade rústica, própria da nossa culinária."

RECEITAS

SOPA DE PEIXE E CAMARÃO

INGREDIENTES: 500 g. de cabeça de peixe, 250 g. de cabeça de camarão, 2 cebolas, 2 talos de aipo, 2 dentes de alho, 2 talos de alho-poró (só a parte branca), coentro e cebolinho amarrados, 50 ml de azeite, 1 colher de sopa de urucum, ½ colher de sopa de extrato de tomate, ½ litro de vinho branco seco, ¾ de litro de água, 2 cravos, sal a gosto.

PREPARO: Refogue no azeite cebola, alho, alho-poró e aipo . Junte o peixe e o camarão. Depois a água, o vinho, coentro e cebolinho. Deixe cozinhar por 10 minutos. Junte urucum e o extrato de tomate. Deixe no fogo por 30 minutos.Retire o coentro e cebolinho. Passe no liquidificador e depois em peneira fina. Verifique os temperos.

BEBIDA - Um vinho branco

CREPES DE FUBÁ DE MILHO COM ENSOPADO DE SIRI

INGREDIENTES

PARA O CREPE: 65 g. de fubá, 50g. de farinha de trigo, 50g.de farinha de mandioca,10gr de fermento fresco, 1 colher de café de açúcar, sal, 3 claras, 2 gemas, 1 colher de sopa de cebolinha picada, 1 colher de sopa de salsinha picada, 20 ml. de leite, 2 colheres de sopa de manteiga derretida.

PARA O CREME: ½ litro de creme de leite fresco, ½ limão, algumas gotas de vinagre, 100 g de queijo de coalha ralado.

PARA O SIRI: 1 corda de siri, 2 cebolas picadas, 2 tomates picados, 2 dentes de alho socados, 2 pimentões cortados em tiras finas, cheiro verde, 4 colheres de sopa de azeite,pimenta do reino, 1 copo de leite de coco, 2 xícaras de farinha de mandioca, sal a gosto.

PREPARO

CREPE: Misture o leite morno com o fermento em uma vasilha e deixe descansar por 5 minutos. Em outro recipiente, junte o fubá, a farinha de trigo e a de mandioca. Faça um buraco no meio e coloque o leite com o fermento dissolvido. Junte as gemas, o sal e o açúcar. Misture bem, até obter massa lisa e homogênea. Deixe descansar por 1 hora. Bata as claras em neve e misture delicadamente à massa. Acrescente a salsa, cebolinha e a manteiga derretida. Coloque porções dessa massa em frigideira pequena e frite em pouca manteiga, dos dois lados.

CREME: Em batedeira coloque o creme de leite e vá batendo, com o suco de limão e as gotas de vinagre. Retire assim que encorpar. Junte o queijo de coalha ralado. SIRI: lave bem e cozinhe em água e sal. Depois de cozidos retire toda a carne e reserve. Faça um refogado com azeite, cebolas, tomates, alho, pimentões e cheiro verde. Junte o siri, o leite de coco, sal e pimenta. Depois acrescente a farinha aos poucos, até obter consistência de mingau grosso.

BEBIDA - Um espumante

CARNEIRO ASSADO COM PURÊ DE BATATA DOCE

INGREDIENTES

PARA O CARNEIRO: 1 pernil de cordeiro novinho, sal, pimenta, 12 dentes de alho, alecrim seco, 1 copo de vinho tinto, cebola em rodelas, azeite.

PARA O PURE: 1 ½ kg de batata doce cozida e espremida, 1 lata de leite condensado , 100 g. de manteiga derretida.
Obs: Entrei em contato com a Lecticia Cavalcanti para confirmar se era mesmo para adicionar a receita do purê de batata doce - 1 lata de leite condensado. Recebi e-mail dela confirmando para usar o leite condensado e que o purê fica uma delícia. Portanto, mãos à obra.

PREPARO

CARNEIRO: Deixe o pernil temperado, na geladeira, por 12 horas, com: sal, pimenta, alecrim seco,cebola, vinho tinto e alho (enfiados, no pernil, em pequenos furos). Quando for assar retire um pouco desse molho e acrescente azeite. Asse por 1 hora até que, enfiando o garfo, não saia mais sangue. Só um pouco de líquido quase transparente.

PURÊ: Em uma batedeira coloque a batata doce espremida e vá juntando, aos poucos, o leite condensado e a manteiga. Bata até que a mistura fique homogênea. Caramelize uma forma de buraco, coloque o purê e leve ao forno, em banho-maria, por 20 minutos. Desinforme e sirva.

BEBIDA - Um vinho tinto

BOLO SOUZA LEÃO

INGREDIENTES: 18 gemas, 6 xícaras de leite de coco puro,1 kg de açúcar, 1 kg de massa de mandioca, 2 colheres de sopa de manteiga, sal a gosto.

PREPARO: Faça uma calda em ponto de fio com o açúcar. Junte a manteiga e depois as gemas. Acrescente, em seguida, a massa lavada, espremida e peneirada. Por fim o leite de coco. Passe toda a mistura em peneira muito fina, várias vezes. Coloque em forma untada e asse em forno regular.

BEBIDA - Um espumante

Texto de Lecticia Cavalcanti - Foto Internet: TV-Globo

O Carpinteiro de Veneza - Livio De Marchi

Veja o incríveis trabalhos em madeira desse artista italiano. É o único homem que dirige uma Ferrari pelos canais de Veneza. Duvida?


Livio De Marchi
Acesse os links abaixo e veja duas apresentações dos trabalhos de Livio De Marchi.

http://www.youtube.com/watch?v=Q8LdCyUtqcI - LIVIO De MARCHI, THE ONLY MAN WHO CAN DRIVE IN VENICE

http://www.youtube.com/watch?v=AEgH5JxJuDQ - O CARPINTEIRO DE VENEZA

Pesquisas: Internet e Youtube

sábado, 27 de março de 2010

Fino Humor...! "Me dá o biscoito" e "Me dá a dentadura"

No link abaixo você assistirá a um desenho animado da Martel Animation, contando a história sobre a disputa de um agente secreto e um pombo para ver quem fica com um biscoito. É muito bom e inteligente. Clique a assista a "Me dá o biscoito" ou o Pombo Impossível.

http://www.youtube.com/watch_popup?v=jEjUAnPc2VA

Nesse vídeo da Pixar, abaixo, a história é de um jogo de xadrez entre um velho contra ele mesmo, e a disputa se dá para que o vencedor ganhe e use o troféu, que é, nada mais, nada menos, do que uma dentadura. Muito fino o humor.

Dicas do João Rodrigues, do Rio de Flamengo e da Luciane, de Curitiba FC.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Saudade - Belo Horizonte, Irineu de Palmira

Irineu de Palmira no programa Sr Brasil de Rolando Boldrin na TV Cultura SP
Foto: Pierre Ives Refalo

O cantor, compositor e violinista Irineu de Palmira estará de retorno a Belo Horizonte em ABRIL para mais duas apresentações. Dia 27, terça, 20:00hs no Shopping Del Rey e dia 30, sexta, 21hs, Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, onde abre a temporada de seu show "Dois Acordes de Prosa".

Irineu de Palmira está participando da "Conexão Vivo"

Visite a página http://irineudepalmira.conexaovivo.com.br/

No canto superior esquerdo, abaixo da foto, tem um "vote neste perfil"

Irineu de Palmira e Rolando Boldrin no programa Sr Brasil
Foto: Pierre Ives Refalo

Clique nos links abaixo e veja os vídeos com as interpretações de Irineu de Palmira.


http://www.youtube.com/watch?v=P6bpH4v7vWY - Benza Deus...Ô Sorte!!!

http://www.youtube.com/watch?v=48lZC9aNBLE - Irineu de Palmira - Prefácio

Pesquisa: Fotos, vídeos: YouTube, Site da "Conexão Vivo"
Site do Irineu de Palmira - www.irineudepalmira.com.br

quarta-feira, 24 de março de 2010

Festa de Babette - menu,receitas e fotos dos pratos

O custo do banquete foi de 10.000 francos franceses em sua época.
Cena de a Festa de Babette

O Menu

Potage a’la Tortue

Blinis Demidoff au Caviar

Caille en Sarcophage avec Sauce Perigourdine

La Salade

Les Fromages

Baba au Rhum avec les Figues

As Bebidas

Amontillado

Veuve Cliquot 1860

Raras garrafas de “Clos de Vougeot

As receitas

Potage à la Tortue
A carne de tartaruga hoje em dia na França é normalmente substituída por moleja e miolos de vitela
Caldo de legumes
Miolo de vitela
Moleja de Vitela
Almôndegas de vitela
300 ml de vinho madeira
1 gema de ovo por prato
suco de 1 limão siciliano

Ferva por 15 minutos o miolo de vitela no caldo de legumes com limão e sal. Retire do caldo e corte em pequenos pedaços.
Ferva por 15 minutos a moleja de vitela no mesmo caldo de legumes. Retire do caldo e corte em pedaços pequenos.
Adicione todas as carnes ao caldo e 200 ml de vinho madeira e pimenta do reino generosamente. Leve a ferver e escume o caldo. Adiciona mais o caldo de meio limão e volte a escumar.
Depois de aproximadamente 30 minutos a sopa estará pronta.Adicione uma gema de ovo por prato e mais 100 ml de vinho madeira e sirva bem quente.

Blinis Demidoff au Caviar
½ pacote de fermento seco
1 xícara de leite morno
½ xícara de farinha
2 gemas de ovos batidas levemente
¼ de xícara de creme de leite batido
1 pitada de sal
2 claras de ovos em neve
1 colher de sopa de manteiga sem sal
1 xícara de creme azedo
125 gr de caviar de Estrujão

Em um bacia dissolver a levedura no leite morno e depois adicionar metade da farinha e bata até que a mistura fique lisa.
Cubra com um pano e deixa por 2 horas a temperatura ambiente para fermentar a massa.
Adicione a massa as gemas de ovos o ¼ de creme de leite batido, o restante da farinha o sal e as claras em neve. Misture sem que as claras percam o ponto e deixe repousar por mais 40 minutos.
Esquente a frigideira em fogo médio com manteiga e comece a fazer os blinis de aproximadamente 7cm. Doure todos os lados e reserve-os em um local aquecido.
Sirva de 3 a 4 blinis por pessoa com o creme azedo e o caviar.

Caille (Codornas) au Sarcophage
500 gr de massa folhada
1 gema de ovo batida com 2 colheres de sopa de H2O
8 codornizes desossadas com exceção das coxas e asas. Reservar os ossos.
6 colheres de sopa de Conhaque
75 gr de trufas negras
250 gr de foi gras de ganso fresco
5 colheres de sopa de manteiga sem sal
3 enchalotas
1 xícara de vinho branco seco
1 lt de caldo de frango
8 cogumelos com chapéu grande e perfeito
1 colher de chá de óleo de amendoim

Pré aquecer o forno a 200o.C.
Em uma folha de papel manteiga abrir a massa folhada com até 6mm de espessura e recortar 8 formas ovais de 10cm de largura e 12cm de comprimento. Amassar com os dentes de um garfo e pincelar com a gema de ovo.
Assar por 12 a 15 minutos parar dourar ligeiramente. Retirar do forno para resfriar. Com uma faca afiada recortar uma tampa,sem furar o fundo, e retirar as camadas de massa até formar uma cama.
Salpicar as codornizes com sal, pimenta e Conhaque, dividir o foi gras em 8 partes e rechear. Feche as codornizes pela parte superior com um barbante de cozinhar e guarde-as no refrigerador até o momento de prepara-las.
Em uma panela funda, dourar em manteiga os ossos das codornas, depois acrescente um mirepoix de enchalotas, cenoura e salsão. Deglaceie a panela com Cognac e depois adiciona 1 garrafa de vinho branco e deixe reduzir até ficar bem espesso.
Um pouco antes de estar um caldo bastante reduzido menos de ¼ do volume original, acrescente as trufas e pimenta do reino.
Em uma frigideira salteie os chapéus dos cogumelos em manteiga e um fio de azeite e reserve.
Aqueça o forno por aproximadamente 20 minutos a 180o.C.
Em uma frigideira doure todos os lados das codornizes depois coloque-as no forno pré-aquecido por 10 minutos.
Deglaceie a panela que douro as codornizes com Conhaque e acrescente ao caldo feito anteriormente.
Retire os barbantes das codornizes e mantenha-as aquecidas.
Coloque os sarcófagos em uma assadeira e em cada um coloque uma codorniz. Aqueça no forno por 5 minutos.
Retire do forno e em cada sarcófago,adicione um pouco da redução de cordorniz e cubra com um chapéu de champignon e sirva.

Le Salade
4 endívias
100gr de nozes picadas
Azeite
Mel
Azeite Balsâmico
Sal
Pimenta do reino

Cortar as endívias em sentido longitudinal em fatias de aproximadamente 30 milímentros
Picar as nozes
Em um bowl misturar com um fouet azeite, azeite balsâmico e mel até obter uma mistura homogênea e brilhante.
Montar um punhado de endívias com nozes e em seguida regar com um pouco do molho

Baba au Rhum
Receita elaborada por Erika Okazaki do Pan et Chocolat, para o livro de Rubens Ewald filho o Cinema vai a mesa.

Doce
100 gr de farinha
115 ml de leite
15 gr de fermento biológico
130 gr de manteiga
30 gr de açúcar
1 colher de chá de sal
4 ovos

Calda
2 xícaras de H2O
1 e ½ xícara de açúcar
Casca ralada de 1 laranja
Casca ralada de 1 limão
1 pau de canela
3 colheres de sopa de rum
2 colheres de sopa de licor de laranja

Misture a farinha com leite morno e o fermento.
Deixe descansar até dobrar de volume.
Bata a mistura na batedeira com o restante dos ingredientes até obter uma massa homogênea (mais ou menos 15 minutos)
Coloque em forma untada e deixe crescer novamente
Leve para assar a 180C até dourar
Preparo da calda
Leve ao fogo a H2o com o açúcar, as cascas de laranja e limão e a canela. Adicione o rum e o licor de laranja e deixe atingir o ponto de fio.
Derrame a calda morna sobre o Savarin e sirva em seguida

Imagens e pesquisa: Blog.amigosdeBabette.com.br e Internet

terça-feira, 23 de março de 2010

Festa de Babette - Receitas - Lecticia Cavalcanti

Durante anos procurei pelas receitas do filme Festa de Babette, entrei em vários sites, procurei o livro em sebos de São Paulo e Belo Horizonte, pensando que o mesmo teria as receitas. Tive enorme decepção ao encontrar em São Paulo um exemplar, o livro não trazia as receitas. Depois esqueci. Agora, a Luciane de Curitiba, envia essa matéria com as receitas originais.
Vou juntar dinheiro e fazer esse jantar, custe o que custar. Estão todos convidados. Só não sei o dia, a hora e local.



Tudo se passa na aldeia de Jutlândia, norte da Dinamarca, no distante ano de 1871. Um velho pastor, fundador de seita religiosa conservadora, tem duas belas filhas - Martine (o nome é homenagem a Martinho Lutero) e Filippa (homenagem a Filippe Melanchton, teólogo alemão e amigo de Lutero). Como em todas as histórias, elas se apaixonam perdidamente. Martina, pelo ambicioso tenente Lorens Lowenheim; e Filippa, pelo já decadente cantor de óperas Achile Papin. Mas sacrificam o ardor da juventude, para estar ao lado do pai. Envelhecem juntas e sós, praticando a caridade e amparando os velhos da aldeia. Mas no íntimo lamentando, em todos os longos dias de suas vidas, aqueles amores perdidos.

Um dia recebem carta de Achile Papin, encarecendo que acolham em casa Babette Hersant, uma amiga, perseguida na França, que havia perdido tudo - casa, marido e filho. Não seria um peso, explica na carta, pois trabalharia apenas por teto e comida. Indicando laconicamente, em uma única frase, "ela sabe cozinhar". Assim chega Babette à pequena aldeia, para ficar definitivamente. Seu único vínculo com a França, dizia sempre, era um bilhete de loteria, renovado anualmente por uma amiga. E finalmente Babette ganha, nessa loteria, 10.000 francos. Uma fortuna, à época. E pede às irmãs licença para oferecer aos velhos da aldeia, em homenagem ao 15o aniversário da morte do pastor, um verdadeiro jantar francês. Esse jantar é o filme.

Filippa e Martine se preocupam com os preparativos e os ingredientes trazidos do continente, sob às ordens de Babette. Alertam aos velhinhos, para a tentação que sofrerão, naquela noite, e todos se comprometem a não fazer comentários durante a refeição. Entre os convidados, na última hora, vem aquele jovem tenente - o que Martine nunca havia esquecido, hoje importante general Lorens. Homem culto, ele vai fazendo comentários sobre os pratos, à medida em que vão sendo postos à mesa - sopa de tartaruga com quenelles de vitela, blinis demidof, caille em sarcophage, baba au rhum.

O general Lorens vai descrevendo os pratos do jantar e referindo a história de uma notável cozinheira do "Café Anglais" (a casa realmente existiu, em Paris, na esquina do Boulevard des Italiens e da Rue Marivaux, entre 1802 e 1913), de quem o general Gallifet dizia ser capaz de transformar simples jantares em casos de amor. Mulher tão especial que seria a única boa razão, na França da época, para um duelo. Ele só não sabia ainda é que aquele jantar havia sido preparado por aquela cozinheira. E o que "se anunciava como prenúncio da perdição, acaba revelando-se um acontecimento celestial". Amantes com culpa se assumem; inimigos se perdoam, nos rostos uma alegria que já haviam esquecido. A cena em que ficam todos dançando abraçados, em volta de um poço, é antológica.

Pouco antes de ir embora, o general Lorens faz belo discurso, abrindo a alma. "Na sua fraqueza e miopia o homem acha que tem de fazer uma escolha na vida e teme o risco que corre". Falava dele, que escolheu a carreira, em vez do coração. "Toda escolha é sem importância. A graça não exige nada. Tudo que escolhemos nos foi dado e tudo de que desistimos nos foi concedido". Então, olhando profundamente para Martine, completa "Vaidade, tudo é vaidade. Piedade e verdade se unem. Justiça e paz se abraçarão uma a outra. Sim, teremos ainda de volta o que jogamos fora". Por fim ao se despedir, toma a mão de Martine entre as suas mãos, e diz -"estive com você em cada dia da minha vida e ainda estarei em cada dia que restar. Em nosso belo mundo tudo é possível". Martine responde com um olhar submisso de compreensão.

Finda a festa, Babette, confirma ser aquela chefe de cuisine de quem falou o general Lorens. E diz ter consumido todo o dinheiro do prêmio naquele banquete. Mas, segundo ela, "um artista nunca é pobre". E estava feliz. Sua opção era ficar ali mesmo, onde afinal encontrou a paz. Os convidados voltam a suas casas. E, na memória de todos, ficarão para sempre aqueles momentos. Piedade e verdade se uniram. Justiça e paz se abraçaram. Estrelas se aproximaram. Ao menos naquela noite, e mesmo que só por um breve instante, a natureza humana se revelou gloriosa. Em um jantar.

RECEITAS DO FILME:

SOPA DE TARTARUGA COM QUENELLES DE VITELA

INGREDIENTES:

PARA A SOPA:
3,5 litros de caldo de vitela (toste ossos de vitela numa assadeira, no forno.Passe-os para uma panela alta, coloque água, deixe ferver. Retire a espuma que se formou e junte cebola, cenoura, alho, alho-poró, aipo,tomate e um bouquet garni - cozinhe lentamente em fogo baixo, peneire e reserve). 300 g. de carne de tartaruga desossada, cortada em pedaços, 1 alho-poró(parte branca, cortada em pedaços), 1 cenoura grande, 1 talo de aipo cortado em pedaços, 1 batata doce cortada em pedaços, 1/3 de xícara de chá de vinho Madeira, sal a gosto.

PARA OS QUENELLES:
360 gr de carne de vitela moída bem fina, 3 claras de ovos, 4 colheres de sopa de creme de leite fresco, sal e pimenta do reino a gosto.

PREPARO:

SOPA:
Aqueça o caldo de vitela numa panela grande. Acrescente a carne de tartaruga e ferva lentamente por uma hora. Adicione o alho-poró, a cenoura, o aipo e a batata doce. Continue a ferver por mais uma hora. Coe o caldo em pano fino. Descarte os legumes e vegetais e coloque a carne de tartaruga em uma tigela, com um pouco do caldo. Tampe e leve à geladeira, por doze horas. No dia seguinte, remova toda a gordura do caldo e reaqueça, acrescentando a carne de tartaruga. Junte o vinho madeira e tempere com sal. Aqueça os quenelles no vapor, coloque 5 quenelles em cada prato e complete com a sopa de tartaruga.

QUENELLES:
Coloque a vitela no processador e vá juntando as claras e o creme fresco. Tempere com sal e pimenta. Com a ajuda de 2 colheres de sopa, mergulhadas em água fria, forme quarenta pequenas quenelles (almôndegas) ovais e coloque-as num prato molhado com água fria, de maneira que não encostem uma na outra. Leve ao fogo um caldeirão com água e sal e espere ferver. Coloque os quenelles nesta água, tampe o caldeirão e apague o fogo. Depois de 5 minutos remova as quenelles com uma escumadeira e deixe-as secar sobre papel absorvente. Reserve-as.

BEBIDA: Jerez Amontillado Viejo Hidalgo

BLINIS DEMIDOF

INGREDIENTES:

PARA O BLINIS:
½ tablete de fermento fresco, 1 xícara de chá de leite quente, 1 ½ xícara de chá de farinha de trigo peneirada, 2 gemas ligeiramente batidas, 2 claras batidas bem firmes, ¼ de xícara de chá de creme de leite fresco, 1 pitada de sal, manteiga sem sal para untar a frigideira, 120 g. de caviar sevruga.

PARA O CREME AZEDO:
½ litro de creme de leite fresco, ½ limão pequeno, algumas gotas de vinagre.

PREPARO:

BLINIS:
Numa tigela grande, dissolva o fermento no leite quente. Acrescente uma xícara de farinha e bata, até a mistura ficar uniforme. Cubra com um pano limpo e deixe em lugar aquecido, durante duas horas, para a massa crescer. Após esse tempo, misture as gemas, o creme de leite fresco e a farinha de trigo restante. Acrescente sal e claras batidas, misturando delicadamente. Cubra e deixe a massa crescer novamente, por trinta minutos. Unte uma frigideira pequena. Leve-a ao fogo e junte-lhe três colheres de sopa de massa. Quando começar a dourar em baixo, vire e doure do outro lado. Retire o blinis, reserve-o em lugar aquecido e repita a operação, até terminar a massa.

CREME:
Em batedeira ou processador, coloque o creme de leite e vá batendo com o suco de limão e as gotas de vinagre. Retire assim que encorpar.

MONTAGEM:
Na hora de servir, coloque um pouco do creme azedo sobre cada blinis. E, por cima, o caviar.

BEBIDA: Champagne Veuve Clicquot La Grand Dame

CAILLE EN SARCOPHAGE

INGREDIENTES:
500 g. de massa folhada, 1 gema batida com duas colheres de sopa de água, 8 codornas desossadas (exceto pernas e asas),6 colheres de sopa de cognac, 60 g. de trufas pretas picadas, 240 g. de fois gras fresco de ganso, 5 colheres de sopa de manteiga sem sal, 3 échalotes (cebola roxa) picadas, 1 xícara de chá de vinho branco seco, 4 xícaras de chá de caldo de carne,2 colheres de chá de trigo dissolvidas em um pouco de vinho branco, 8 cogumelos de Paris grandes (somente os chapéus), 1 colher de chá de óleo de amendoim, sal e pimenta do reino moída na hora, farinha de trigo para polvilhar.

PREPARO:

MASSA:
Estenda a massa em superfície lisa. Corte oito retângulos de 10 cm de largura por 13cm de comprimento. Faça alguns furos com a ponta de um garfo e pincele com a mistura de gema e água. Asse a massa no forno pré-aquecido, por 15 minutos, até que esteja dourada. Quando estiverem frias, corte e retire um pedaço da parte central, de cada retângulo, com o auxílio de uma faca, formando "ninhos", para receber as codornas.

CODORNAS (caille):
Lave e seque as codornas. Tempere com sal, pimenta e duas colheres de cognac. Junte metade das trufas picadas. Divida o fois gras em oito porções iguais e distribua nas cavidades.Feche cada codorna com linha. Em uma panela de fundo grosso, aqueça uma colher de sopa de manteiga. Acrescente os ossos que foram retirados e toste-os ligeiramente.Coloque as échalotes e refogue sem parar de mexer. Misture 2 colheres de cognac e raspe o fundo da panela. Acrescente o vinho, o caldo e deixe ferver lentamente por 30 minutos, até reduzir pela metade. Coe o caldo e devolva para a panela. Despeje a mistura de trigo, e mexa até o caldo engrossar. Incorpore as trufas restantes e tempere com sal e pimenta. Reserve. Refogue os cogumelos em duas colheres de manteiga. Reserve. Aqueça a manteiga restante com o óleo e doure as codornas, virando-as de todos os lados, leve-as depois ao forno por 10 minutos. Coloque o cognac restante na frigideira que dourou as codornas e raspe-a. Junte essa mistura ao caldo com as trufas. Retire as codornas do forno e retire as linhas.

MONTAGEM:
Coloque as massas numa assadeira e deposite uma codorna em cada "ninho" de massa. Reaqueça no forno, por 5 minutos. Transfira, cuidadosamente, para os pratos. Arrume os cogumelos em volta. Derrame o molho quente sobre as codornas e os cogumelos. Sirva imediatamente.

BEBIDA: Vinho Tinto Clos de Vougeot

BABA AU RHUM

INGREDIENTES:
1 tablete de fermento fresco, 1/3 de xícara de chá de leite quente, 2 ½ xícara de chá de farinha de trigo peneirada, 8 colheres de sopa de manteiga sem sal, 2 2/3 de xícara de chá de açúcar, 6 ovos, 5 ½ xícaras de chá de água, ½ xícara de chá de rum escuro, frutas cristalizadas picadas.

PREPARO:
Numa tigela grande, dissolva o fermento no leite. Incorpore meia xícara de farinha de trigo, cubra e deixe em lugar abafado por trinta minutos, para a massa crescer. Bata, na batedeira, 7 colheres de manteiga. Junte duas colheres de sopa de açúcar e duas de farinha.Vá juntando e batendo os ovos, um de cada vez. Retire. Bata a farinha restante com a massa fermentada, usando os batedores próprios para massas pesadas. Depois bata junto a mistura da manteiga com os ovos, até formar uma massa muito espessa. Unte uma fôrma de buraco com o restante de manteiga. Junte a massa. Cubra-a com um pano limpo e deixe-a crescer até ocupar toda a fôrma. Asse, em forno pré-aquecido, por 40 minutos. Misture o açúcar restante com a água, numa panela e ferva, reduzindo essa calda. Retire do fogo e acrescente o rum. Assim que estiver assada, desinforme e despeje cuidadosamente a calda quente de rum. Decore com as frutas cristalizadas.

BEBIDA: Vinho Sauternes Château de Malle

Dica enviada pela amiga Luciane de Curitiba

Adaptação do texto da Jornalista Lecticia Cavalcanti, coordenadora do caderno Sabores da Folha de Pernambuco, escreve na Revista Continente Multicultural e no site pe.360graus.

A vida depois da vida - Victor Hugo.

Victor-Marie Hugo, nasceu em Besançom, dia 26 de fevereiro de 1802 e morreu em Paris, dia 22 de maio de 1885. Poeta, escritor de forte atuação política. Dentre suas obras destacam-se Les Misérables e Notre-Dame de Paris.

Victor Hugo era um grande espírita e muito respeitado pelos espíritas em todo o mundo. As obras dele servem de estudos e análise sobre o espiritismo.
Era considerado muito adiante de seu tempo e muitas pessoas jamais compreenderam suas obras. O que realmente veio depois, com o tempo.
E esta apresentaçao nada mais é que o pensamento e a teoria espírita sobre a vida e a morte, que nao há fim.
(Texto de Juliana Soares - minha amada filha).

Clique no link a baixo e veja uma bela apresentação com texto de Victor Hugo sobre a vida depois da vida.

https://mail.google.com/mail/?ui=2&ik=44eddab320&view=att&th=12710efbe58be902&attid=0.1&disp=attd&zw

Enviado pela Teresa Curatola, iluminada amiga de Lagoa Santa

Tenho tanto sentimento - Fernando Pessoa

Amanhecer visto da janela de meu apartamento
Belo Horizonte - Minas Gerais - Foto: UNIVERSO
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar
.

Enviado pelo "brimo", que anda sumido, Luiz Edmundo Germano Alvarenga do Blog do Alvarenga - Rio de Janeiro - Leiam o BLOG DO ALVARENGA

segunda-feira, 22 de março de 2010

Se tiver apenas um ano a mais de vida... - Rubem Alves

Foto: Walcira - Local: Biribiri (Diamantina) - Minas Gerais

Faz cinco anos que um grupo de amigos se reúne comigo para ler poesia.
Para que ler poesia? Para a gente ficar mais tranquilo e mais bonito.
Mas não me entendam mal. Já observaram os urubus - como eles voam em
meio à ventania? Eles nem batem as asas. Apenas deixam-se levar,
flutuam. Esse jeito de ser chama-se sabedoria. A poesia nos torna mais
sábios, retirando-nos do torvelinho agitado com que a confusão da vida
nos perturba. Drummond, escrevendo sobre a Cecília Meireles, disse:
"Não me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que
aferisse os traços de sua presença entre nós, marcada por gestos de
cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava
onde nós a víamos. Por onde erraria a verdadeira Cecília, que,
respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal
defeito 'uma certa ausência do mundo'? Do mundo como teatro, em que
cada espectador se sente impelido a tomar parte frenética no
espetáculo, sim; mas não, porém, do mundo das essências, em que a vida
é mais intensa porque se desenvolve em um estado puro, sem atritos,
liberta das contradições da existência".

Pois é isso que a poesia faz: ela nos convida a andar pelos caminhos
da nossa própria verdade, os caminhos onde mora o essencial. Se as
pessoas soubessem ler poesia é certo que os terapeutas teriam menos
trabalho e talvez suas terapias se transformassem em concertos de
poesia!

Pois aconteceu que, numa dessas reuniões, quando líamos trechos da
Agenda 2001 - Carpe Diem, encontramos, no dia 2 de fevereiro, essa
afirmação de Gandhi: "Eu nunca acreditei que a sobrevivência fosse um
valor último. A vida, para ser bela, deve estar cercada de vontade, de
bondade e de liberdade. Essas são coisas pelas quais vale a pena
morrer." Essas palavras provocaram um silêncio meditativo, até que um
dos membros do grupo, que se chama "Canoeiros", sugeriu que fizéssemos
um exercício espiritual. Um joguinho de "faz-de-conta". Vamos fazer de
conta de sabemos que temos apenas um ano mais de vida. Como é que
viveremos, sabendo que o tempo é curto, "tempus fugit"?

A consciência da morte nos dá uma maravilhosa lucidez. D. Juan, o
bruxo do livro "Viagem a Ixtlan", advertia o seu discípulo: "Essa bem
pode ser a sua última batalha sobre a terra". Sim, bem pode ser.
Somente os tolos pensam de outra forma. E se ela pode ser a última
batalha, ela deve ser uma batalha que valha a pena. E, com isso, nos
libertamos de uma infinidade de coisas tolas e mesquinha que
permitimos se aninhem em nossos pensamentos e coração. Resta então a
pergunta: "O que é o essencial?" Um conhecido meu, místico e teólogo
da Igreja Ortodoxa Russa (seu livro - maravilhoso - "Para a vida do
mundo", está sendo traduzido e em breve será publicado pela Paulus),
ao saber que tinha um câncer no cérebro e que lhe restavam não mais
que seis meses de vida, chegou à sua esposa e lhe disse: "Inicia-se
aqui a liturgia final". E, com isso, começou uma vida nova. As
etiquetas sociais não mais faziam sentido. Passou a receber somente as
pessoas que desejava receber, os amigos, com quem podia compartilhar
seus sentimentos. Eliot se refere a um tempo em que ficamos livres da
compulsão prática - fazer, fazer, fazer. Não havia mais nada a fazer.
Era hora de se entregar inteiramente ao deleite da vida: ver os
cenários que ele amava, ouvir as músicas que lhe davam prazer, ler os
textos antigos que o haviam alimentado.

O fato é que, sem que o saibamos, todos nós estamos enfermos de morte
e é preciso viver a vida com sabedoria para que ela, a vida, não seja
estragada pela loucura que nos cerca.

Lembrei-me das palavras de Walt Whitman: "Quem anda duzentos metros
sem vontade/ anda seguindo o próprio funeral/ vestindo a própria
mortalha..." Pensei então nas minhas longas caminhadas pelo meu
próprio funeral, fazendo aquilo que não desejo fazer, fazendo porque
outros desejam que eu faça. "Sou o intervalo entre o meu desejo e
aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim" - Álvaro de Campos.
Sou esse intervalo, esse vazio - de um lado o meu desejo (onde foi que
o perdi?); do outro lado o desejo dos outros que esperam coisas de
mim. Não, não são os inimigos que me impõem o intervalo. Inimigos -
não lhes dou a menor importância. Os desejos que me pegam são os
desejos das pessoas que amo - anzóis na carne. Como tenho raiva do
Antoine de Saint Exupéri - "tornamo-nos eternamente responsáveis por
aqueles que cativamos..." Mas isso não é terrível? Ser reponsável por
tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na cruz. Embora não
saibamos, o amor também mata.

Então, abandonar o amor? Não. Mas é preciso escolher. Porque o tempo
foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que
desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei
abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de
"abrir mão" - a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial.

Aí eu comecei a pensar nas coisas que amo e que abandonei - vejam só:
nesse preciso momento me dei conta de que, por causa dessa crônica não
liguei a fonte que faz um barulhinho de água e nem pus nenhuma música
no meu tocador de CDs, a pressa era demais, a obrigação era mais
forte. Tudo bem agora, a fonte faz o seu barulhinho e o Arthur Moreira
Lima toca minha sonata favorita de Mozart, em lá maior KV 331 - coisas
que amo e abandonei. Eu, mau leitor de poesia! Poesia lida e não
vivida! Não levei a sério o dito pelo Fernando Pessoa: "Ai, que prazer
não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer! Grande é a
poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as
crianças..."

Sempre fui louco por jardins. Uns acham que eu não acredito em Deus.
Como não acreditar em Deus se há jardins? Um jardim é a face visível
de Deus. E essa face me basta. Não tenho necessidade de ir olhar atrás
das estrelas... Escrevi inúmeros textos sobre jardins. Num jardim
estou no paraíso. Mas, que foi que fiz com o meu jardim? Abandonei. A
caixa das abelhinhas apodreceu, caiu a tampa e eu não fiz nada.
Cresceu o mato eu eu não fiz nada. Da fonte tirei os peixes,
coitados... De lugar de prazer, onde se assentar em abençoada vadiação
contemplativa, meu jardim virou um lugar de passagem. Abandonei o meu
amigo, por causa do dever. Para o inferno com o dever! Vou mesmo é
cuidar do meu jardim. Por prazer meu. E pela alegria das minhas netas.
Vou reformar a fonte, vou fazer um balanço (que os paulistas insistem
em chamar de balança...), vou reformar o gramado, vou refazer a casa
das abelhinhas, vou fazer uma cobertura para as orquídeas. E mais, vou
fazer uma "casinha de bruxa", cheia de brinquedos, para as minhas
netas, a Mariana, a Camila, a Ana Carolina, a Rafaela e a Bruna...
Quero brincar com elas. Breve elas terão crescido e não mais terei
netas com quem brincar. "Mas o melhor do mundo são as crianças..."

Vou voltar a tocar piano - coisas fáceis: a "Fantasia", de Mozart, a
"Träumerai", de Schumann, o Improviso op. 90. n. 4 de Schubert, o
prelúdio da "Gota dágua", de Chopin, alguns adágios de sonatas de
Beethoven.

Quero ouvir música: aquelas que fazem parte da minha alma. Pois a
alma, no seu lugar mais fundo, está cheia de música. E, sem precisar
me desculpar pelo meu gosto, digo que amo música erudita. Música
erudita é aquela que nos faz comungar com a eternidade. As outras, são
bonitas e gostosas - mas são coisa do tempo.

Quero reler livros que já li. Vou relê-los porque é sempre uma alegria
caminhar por caminhos conhecidos e esquecidos. É como se fosse pela
primeira vez.

Não quero novidades. Não vou comprar apartamentos ou terrenos. Não
quero viajar por lugares que desconheço. Eliot: "E ao final de nossas
longas explorações chegaremos finalmente ao lugar de onde partimos e o
conheceremos então pela primeira vez..." É isso. Voltar às minhas
origens, às coisas de Minas que tanto amo, a cozinha, os jardins de
trevo, malva, romãs e manacás, as montanhas, os riachinhos, as
caminhadas...

Há coisas que só poderei gozar em solidão. Ninguém é obrigado a gostar
das músicas que amo. Entrando no seu mundo, gozarei de abençoada
solidão. Lugar bom para se ouvir música assim é guiando o carro,
sozinho, sem precisar conversar.

Mas quero meus amigos. Não do jeito do Roberto Carlos que queria ter
um milhão de amigos. Não é possível ter um milhão de amigos. Quero
meus poucos amigos. Amigos: pessoas em cuja presença não é preciso
falar...

Estou tentando, estou começando. Espero que consiga...

Enviado pela Walcira, minha linda mulher

Ouvido Masculino - Carlos Drummond de Andrade

Foto: Blog Amassaobarro

Muitas vezes se ouve dizer que as mulheres falam
demais... Mas não tem problema. Porque o ouvido
masculino (seletivo) escuta somente o que interessa...

Preste atenção. O que a mulher diz:

- Esse lugar está uma bagunça, amor !
Você e eu precisamos limpar isto.
Suas coisas estão jogadas no chão
e você vai ficar sem roupas
pra usar, se não lavá-las agora mesmo.

O que o homem escuta:

- Blah, blah, blah, blah, AMOR,
blah, blah, blah, blah, VOCÊ E EU,
blah, blah, blah, blah, NO CHÃO,
blah, blah, blah, blah, SEM ROUPAS,
blah, blah, blah, blah, AGORA MESMO.

Percebem a diferença?

Enviado pelo amigo João do Rio Rodrigues

Associação Brasileira de Imprensa - Sobre a vírgula


Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua
informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA
PROCURA.


* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

Enviado pela "brimaminha" de Xis di Fora - Áurea Maranduba
Imagem: Internet - Blog do Capitão

O adeus de Tereza - Castro Alves

A vez primeira que eu fitei Tereza,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus…
E amamos juntos… E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala…

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite… entreabriu-se um reposteiro…
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus…
Era eu… Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa…

E ela entre beijos murmurou-me “adeus!”

Passaram tempos… séc’los de delírio
Prazeres divinais… gozos do Empíreo…
… Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse — “Voltarei!… descansa!…”
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei… era o palácio em festa!…
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!… Ela me olhou branca… surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!…

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

[Castro Alves]


Postado no BLOG: http://portocroft.cultarte.com - recomendo acompanhar esse blog.

domingo, 21 de março de 2010

Despedida e homenagem a Johnny Alf - Eu e a Brisa

Para lembrar de Jonnhy Alf, selecionei a música que mais gosto, dentre outras compostas por ele. Abaixo você poderá acessar e ouvir as interpretações de Eu e a Brisa, nas vozes de Tim Maia, Marcia, Maysa e do próprio Johnny Alf. Clique nos links em vermelho, abaixo da foto de cada cantor e ouça as lindas interpretações de Eu e a Brisa. Divirta-se.

Alfredo José da Silva ou bossanovisticamente falando Johnny Alf, nasceu no Rio de janeiro em 19 de maio de 1929 e morreu em Santo André, São Paulo, dia 4 de março de 2010, aos 80 anos de idade. Foi Cantor, compositor e pianista.


Johnny Alf


Abaixo foto de Tim Maia em 1958, aos 16 anos

http://www.youtube.com/watch#!v=JH_l1ZMrjqo

Eu e a Brisa

Ah ,se a juventude que essa brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco ,
Eu poderia me esquecer da dor
De ser tão só ,pra ser um sonho
Daí então quem sabe alguém chegasse ,
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então pra nós ,seria
E depois que a tarde nos trouxesse a lua
Se o amor chegasse eu juro ,não resistiria
E a madrugada acalentaria
A nossa paz
Fica ,oh brisa fica ,pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E tenha alguém que queira te escutar ,
E junto a mim ,queira ficar
E junto a mim , queira ficar


http://www.youtube.com/watch#!v=2--CC8dYT6A

http://www.youtube.com/watch#!v=G01Rnt6igQk

http://www.youtube.com/watch#!v=stRTgRT2NKY

Pesquisa: Fotos e letra de música - Internet
Vídeos: YouTube

Dozza - Itália 1

Fotos: UNIVERSO