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sexta-feira, 17 de agosto de 2018
A gente se acostuma - Marina Colasanti por Antonio Abujamra
"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma."
MARINA COLASANTI
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terça-feira, 24 de abril de 2018
quinta-feira, 1 de março de 2018
Tenho rugas - autor desconhecido
Tenho rugas...
Autor desconhecido
Olhei para o espelho e descobri que tinha muitas rugas, em volta dos olhos, na boca, na testa.
Eu tenho rugas porque eu tive amigos... e nós rimos, mas tanto, até às lágrimas.
Eu tenho rugas porque conheci o amor que me fez espremer os olhos de alegria.
Eu tenho rugas porque tive filhos e fiquei preocupada com eles desde a concepção, mas também porque sorri para todas as suas novas descobertas e porque passei muitas noites em claro....
Eu tenho rugas porque eu tive amigos... e nós rimos, mas tanto, até às lágrimas.
Eu tenho rugas porque conheci o amor que me fez espremer os olhos de alegria.
Eu tenho rugas porque tive filhos e fiquei preocupada com eles desde a concepção, mas também porque sorri para todas as suas novas descobertas e porque passei muitas noites em claro....
Tenho rugas porque eu também chorei...
Chorei pelas pessoas que amei e que foram embora, por pouco tempo ou para sempre, sabendo ou sem saber o porquê.
Chorei pelas pessoas que amei e que foram embora, por pouco tempo ou para sempre, sabendo ou sem saber o porquê.
Tenho rugas porque passei horas sem dormir para observar os projetos que correram bem... mas também para cuidar a febre das crianças, para ler um livro ou fazer amor.
Vi lugares lindos, novos, que me fizeram abrir a boca espantada e ver os lugares antigos, antigos, que me fizeram chorar.
Dentro de cada sulco no meu rosto e no meu corpo, se esconde a minha história... se escondem as emoções que vivi... a minha beleza mais íntima.
E se apagar isso, apago a mim mesma.
Cada ruga é uma anedota da minha vida, uma batida do meu coração, o álbum de fotos das minhas memórias mais importantes!!!
Cada ruga é uma anedota da minha vida, uma batida do meu coração, o álbum de fotos das minhas memórias mais importantes!!!
Autor desconhecido
Publicado no FB PROJETO 60 ANOS.
sexta-feira, 21 de abril de 2017
Carta de uma idosa
Arte do dia - Desfotografando - Abstrato 1
Alguns dos familiares visitam seus parentes, mas a maioria dos idosos espera anos e anos por uma simples chamada, que nunca chega… Atualmente, as pessoas estão ocupadas com o seu dia a dia, e não se lembram, ou não querem lembrar, de visitar quem os criou.
E assim, tristes e depressivos, a morte chega para os mais velhos, depois de anos de solidão. Foi o que aconteceu com essa mulher.
As enfermeiras pensavam que ela já estava senil, e que estava só esperando o dia de sua morte. Elas costumavam murmurar coisas para si mesmas, pensando que a idosa não percebia o que diziam… Mas quando ela partiu desse mundo, seus cuidadores encontraram uma carta que fez com que todos ficassem de queixo caído!
“O que é que vocês veem, enfermeiras? O que é que vocês veem?
O que é que vocês pensam quando me olham?
Uma velha rabugenta, não muito inteligente.
Com hábitos estranhos e olhar distante.
Aquela que a comida cai dos cantos dos lábios e nunca responde.
Aquela a quem dizem alto: ‘Pelo menos você poderia tentar’.
A que parece não ter consciência das coisas que vocês fazem.
E que sempre perde alguma coisa. A meia ou o sapato?
Aquela que, sem resistir ou não, deixa que vocês façam o que quiserem.
Que passa grande parte de seus dias no banheiro ou a comer.
É isso que vocês acham? É isso que vocês veem?
Pois então, enfermeiras, abram seus olhos, você não me veem.
Vou vos dizer quem eu sou, agora que estou sentada, fazendo o que vocês me dizem e comendo o que vocês pedem:
Eu sou uma garota de 10 anos, com pai e mãe,
irmãos e irmãs, que se amam.
Uma menina de 16 anos com asas nos pés,
que sonha em breve encontrar o amor.
Uma noiva de 20 anos, com o coração aos saltos,
Recordando os votos que prometeu cumprir.
Com 25 anos já tem seus próprios filhos,
que vai orientar e a quem vai fornecer um lar seguro.
Uma mulher de 30 anos, cujos filhos crescem rápido,
Unidos com laços que devem durar.
Aos 40, meus filhos jovens cresceram e se foram.
Mas meu marido está comigo para que eu não fique triste.
Aos 50, voltam a jogar bebês novamente no meu colo.
Eu e o meu amor voltámos a conhecer crianças.
Dias negros se aproximam, meu marido está morto.
Olho para o futuro e estremeço.
Meus filhos têm os seus próprios filhos.
E penso nos anos e no amor que conheci.
Agora sou uma mulher velha. A natureza é terrível.
Eu rio da minha idade como uma idiota.
Meu corpo está frágil. A graça e a força se despedem.
Agora só existe uma pedra onde batia o coração.
Mas dentro dessa velha carcaça ainda vive uma jovem mulher.
E o meu coração maltratado incha.
Lembro-me das alegrias, lembro-me das tristezas.
E eu vivo e amo todos os dias.
Penso nos anos, tão poucos e que foram tão rápido.
Eu aceito o fato de que nada é para sempre.
Então abram seus olhos. Abram e vejam.
Nada de velhas resmungonas.
domingo, 12 de março de 2017
To Remember Me - Um Poema de Robert N. Test - Vida após a vida - Doamos nossos corpos para estudos e salvar vidas
Foto: OBVIUS MAGAZINE - INTERNET - http://obviousmag.org/
Legamos nossos corpos para que sejam mais úteis, que ajudem ao aprendizado, a novas curas, técnicas de tratamentos e cirurgias, proporcionando uma esperança e melhor qualidade de vida às pessoas que venham necessitar da medicina no futuro.
O processo de doação é simples, rápido e desburocratizado.
As reuniões são em grupo. Em nosso grupo haviam 6 (seis) pessoas. No grupo anterior foram 17 pessoas que também optaram pela doação.
Essa é uma decisão que pode se tomada na hora ou não.
Se você optar a não fazer a doação, não há a mínima pressão.
Se você fizer a doação e depois desistir, basta comunicar a faculdade.
Detalhe interessante, havia um senhor de 93 anos, que foi sozinho, com uma vitalidade física e mental invejável, que optou pela doação.
É tudo muito leve e tranquilo, inclusive com boas tiradas de humor dos participantes.
Preferimos que nossos corpos ajudem a salvar outras vidas, em vez de deixá-los simplesmente apodrecer ou serem cremados.
Vamos dar "VIDA APÓS A VIDA"
Quem desejar fazer a doação de seu corpo para a Faculdade em Belo Horizonte, basta ligar para o telefone: 31 - 3409-9739, falar com Sr. José Henrique, que marcará a reunião para esclarecer todas a dúvidas e procedimentos.
Abaixo um poema que é bem tocante e verdadeiro, chama-se Lembre-se de mim (To Remember-me), ou, esse é o NOSSO TESTAMENTO.
To remember-me (Lembre-se de mim)
Dê a minha visão para o homem que nunca viu um nascer do sol, o rosto de um bebê, ou o amor nos olhos de uma mulher.
Dê o meu coração a uma pessoa cujo coração não causou nada além de intermináveis dias de dor.
Dê o meu sangue ao adolescente que foi puxado dos destroços de seu carro, para que ele pudesse viver para ver seus netos brincarem.
Dê meus rins a alguém que depende de uma máquina para existir de semana para semana.
Leve meus ossos, cada músculo, cada fibra e nervo em meu corpo e encontre uma maneira de fazer uma criança aleijada andar.
Se você deve enterrar alguma coisa, que sejam minhas falhas, minhas fraquezas e todo preconceito contra meu próximo.
Dê meus pecados ao diabo.
Dê a minha alma a Deus.
Se, por acaso, você quiser se lembrar de mim, faça-o com uma espécie de ação ou palavra para alguém que precisa de você. Se você fizer tudo o que eu pedi, eu viverei para sempre.
(Por Robert N. Teste, poeta americano)
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terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Deixem-me envelhecer - Silvana Freygang em Faculdade da Felicidade
Foto: UNIVERSO - LUA CHEIA - CHILE 2016
Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,
Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,
Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,
Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,
Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,
Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,
Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,
Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.
Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,
Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,
Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,
Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,
Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,
Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,
Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,
Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.
Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,
Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,
Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,
Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,
Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,
Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,
Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,
Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!!!
Silvana Freygang
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
MPQ - Música Popular de Qualidade - Te desejo vida - Flavia Wenceslau
TE DESEJO VIDA
Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
Eu te desejo a paz de uma andorinha
No vôo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre, te faça sonhar
Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar
Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô
Eu te desejo vida, longa vida
Te desejo a sorte de tudo que é bom
De toda alegria ter a companhia
Colorindo a estrada em seu mais belo tom
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
Eu te desejo a paz de uma andorinha
No vôo perfeito contemplando o mar
E que a fé movedora de qualquer montanha
Te renove sempre, te faça sonhar
Mas se vier as horas de melancolia
Que a lua tão meiga venha te afagar
E que a mais doce estrela seja tua guia
Como mãe singela a te orientar
Eu te desejo mais que mil amigos
A poesia que todo poeta esperou
Coração de menino cheio de esperança
Voz de pai amigo e olhar de avô
Eu te desejo a chuva na varanda
Molhando a roseira pra desabrochar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar
E dias de sol pra fazer os teus planos
Nas coisas mais simples que se imaginar...
Español
Yo te deseo larga vida
Yo te deseo vida, larga vida
Te deseo la suerte de todo lo que es bueno
De tener toda la alegria como compañía
Coloreando la calle en sus mas lindos tonos
Yo te deseo la lluvia en la baranda
Mojando las rosas (o los rosales)
para que florescan
Y días de sol para planear
las cosas mas simples que puedas imaginar
Yo te deseo la paz de una golondrina
en su vuelo perfecto contemplando el mar
Y que la fe que mueve las montañas
Te renueve siempre y te haga sonar
Pero si vinieran las horas de melancolía
Que la luna te proteja con su claridad
Y mas de doce estrellas sean tus guias
Como madres puras te puedan orientar
Yo te deseo mas de mil amigos
La poesia que todo poeta esperó
Corazón de niño, lleno de esperanza
Voz de padre amigo y mirada de abuelo
Dica da amiga Silvana Faião, diretamente de seu coração e do coração do Brasil
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
O professor que explica por que doar seu corpo para ser dissecado - Por Alessandra Dantas, BBC
À frente de programa da UFMG que estimula doações, Humberto Alves conversa com possíveis doadores e procura humanizar ensino da anatomia.
Professor Humberto Alves, da Faculdade de Medicina da UFMG, coordena programa que estimula doação de corpos para atividades de ensino. (Foto G1 - Bruno Figueiredo/Área de Serviço)
Se doar meu corpo, não haverá velório? Aceitando a doação, corro risco de acelerarem minha morte?
Perguntas como essas surgem em uma roda de conversa entre um professor de anatomia e quatro mulheres. O assunto: a doação do corpo após a morte.
Todos estão sentados em poltronas confortáveis em um ambiente espaçoso: a sala de reuniões especiais da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Na parede, quadros em homenagem aos professores eméritos da instituição. O cenário é considerado um dos mais nobres do prédio e não foi escolhido por acaso.
O tema fúnebre não deixa o clima pesado. O que se vê é um bate-papo descontraído, em meio a risos e muita curiosidade das mulheres decididas a doar seus corpos à Medicina.
Quem está ali para escutá-las é o professor de anatomia da UFMG Humberto Alves. Há 16 anos, ele se dedica a obter corpos para o ensino da anatomia, dando esclarecimentos a quem opta por um fim diferente do cemitério ou do crematório.
Se hoje as entrevistas são leves, no início eram fechadas e metódicas. Com a prática, o anatomista ficou mais seguro para prolongar a conversa, passando a se aprofundar nas razões para a doação e nas histórias das pessoas.
"A aproximação com o doador é fundamental. O simples preenchimento de um formulário online, como acontece nos Estados Unidos, não é suficiente", defende o professor.
Formação
Nascido na cidade histórica de Ouro Preto (MG) e com formação católica, Alves foi para a capital mineira estudar medicina nos anos 1970. Durante a graduação, interessou-se pelo estudo do corpo humano - fez treinamento em cirurgia e foi monitor de anatomia.
O contato com outros estudantes, detalhando a eles as estruturas do corpo, contribuiu para que o jovem optasse pela carreira acadêmica.
Também pesou na escolha a convivência com um professor que valorizava a anatomia nas artes plásticas e o trabalho de nomes como Leonardo Da Vinci e Michelangelo. "Isso fez com que eu admirasse a forma de uma maneira geral, não apenas a anatomia humana", conta.
Aos 28 anos, Alves tornou-se professor de anatomia da UFMG. Hoje, aos 62, já são 34 anos de docência. Desde 2000, faz parte do Vida Após a Vida, programa de doação de corpos da Faculdade de Medicina da UFMG.
Em 1999, uma senhora procurou a universidade para doar o corpo, com registro em cartório desse último desejo. O diretor da faculdade à época, Geraldo Brasileiro, concluiu que outras pessoas poderiam ter o mesmo interesse e criou o projeto, pioneiro no Brasil.
No início, eram oito professores, dos quais só restou Alves. Atualmente, o anatomista é coordenador do projeto e o único a conduzir as entrevistas com potenciais doadores.
Em busca de doadores
Na sala de espera para a conversa com o professor, as quatro mulheres já estão com a carteirinha de doador e o termo de doação preenchido e assinado em mãos. Uma delas comenta sobre a melhor maneira de conservar o documento.
Durante a entrevista, Maria do Carmo Couto, 56, continua com o termo em mãos, virado para a frente, exibindo com orgulho a materialização de uma decisão tomada há cinco anos.
Enquanto o professor esclarece as principais dúvidas e destaca que a doação ajuda indiretamente centenas de estudantes, Couto expressa satisfação. "Imagina meu corpo sendo estudado do dedinho do pé até a cabeça. Isso é maravilhoso", exclama.
O professor Humberto Alves já entrevistou 580 pessoas, entre as cerca de 780 cadastradas no programa de doação.
Hoje, são 68 corpos disponíveis para estudo na faculdade, sendo que 30 ainda não foram dissecados. Ao todo, 320 estudantes de Medicina trabalham com os corpos por semestre - uma média de 20 alunos por cadáver.
Antes do Vida Após a Vida, os poucos cadáveres que a faculdade recebia vinham de duas fontes.
Uma eram instituições públicas de ensino de São Paulo e do Rio de Janeiro que cediam corpos excedentes ainda nos anos 1980. A parceria, contudo, enfraqueceu com o surgimento de novas faculdades de Medicina nesses Estados.
Outra opção era o Instituto Médico Legal, que fornecia corpos não reclamados. Mas, devido às condições precárias do IML, muitos chegavam já em estado de decomposição. A questão policial também era um empecilho, pois não há cessão quando a morte é suspeita.
Importância
Ainda que existam recursos tecnológicos e modelos em 3D do corpo humano, nada substitui o cadáver, afirma Alves. Tanto pela forma de aprendizado diferenciada que proporciona como pela humanização dos estudantes que, muitas vezes, tocam pela primeira vez em um corpo sem vida.
"Os jovens, geralmente, entram na faculdade pensando que são imortais e aqui veem que não são", afirma o professor.
É o caso de um aluno que notou um anel no dedo do cadáver durante uma aula. "Ele disse que ali 'caiu a ficha', pois percebeu que aquela pessoa vivera como ele, mas teve um fim e se doou para ajudar outras pessoas", avalia Alves.
Há três anos, o professor decidiu que as entrevistas deixariam de ser individuais e seriam feitas preferencialmente em grupo. A mudança, afirma ele, trouxe mais leveza ao processo, bem como identificação entre os participantes.
"A pessoa percebe que não está sozinha em sua decisão e se sente parte de um grupo especial. Quanto maior o grupo, mais vontade as pessoas têm de doar", diz.
No início, o projeto atendia sobretudo idosos, mas o número de jovens aumentou e hoje o perfil dos doadores é diverso.
Há quem se comprometa a entregar o corpo por gratidão ao atendimento médico recebido em vida. Outros não gostam de enterro ou cremação. Medo de ser enterrado vivo e até repulsa à ideia de ter o corpo deteriorado por vermes também aparecem nas conversas.
Quando essas razões são compartilhadas, surgem risos e brincadeiras, já que uns entendem os outros. A maioria chega decidida pela doação, tendo superado entraves culturais.
Mesmo com a decisão tomada, uma desconfiança peculiar costuma aparecer nas conversas: a possibilidade de a morte ser acelerada de forma proposital por meio de algo como um "chá da meia noite".
Diz a lenda que, caso um doador precise de atendimento no hospital da faculdade, um funcionário poderia ministrar o tal chá para que o corpo ficasse disponível para doação mais rapidamente.
Entre risos gerais, o professor garante que a história é falsa e deseja vida longa aos doadores.
Percurso da doação
Candidatos à doação procuram a Faculdade de Medicina da UFMG e deixam contatos para agendamento da entrevista. Após esse processo, assinam um termo de doação baseado na lei 8.501, de 1992, que garante que o corpo será utilizado apenas para fins de estudo.
O cadastrado recebe a carteirinha de doador, com os telefones para familiares ligarem quando a morte acontecer.
"Parentes reconhecerem e estarem de acordo é fundamental", explica o professor, pois somente a assinatura do termo não garante que o cadáver seja levado para a unidade.
Da mesma forma, uma pessoa que não assinou o termo de doação, mas deixou algum familiar ciente de que gostaria de doar o corpo, não terá dificuldade em ter o corpo cedido para ensino, desde que a família procure a instituição.
Após a comunicação do óbito, um funcionário fica responsável pelo traslado e documentação.
No entanto, mesmo com tudo acordado entre doador, familiares e faculdade, situações inesperadas podem acontecer.
Houve um caso de um familiar que pediu o corpo de volta. A doadora havia realizado os procedimentos em vida para a doação. No dia da morte, os parentes assinaram o termo de cessão e o cadáver foi levado para a faculdade.
Entretanto, um irmão que não estava no momento da assinatura reclamou o corpo dias depois. O pedido foi atendido sem objeção. "Quando os familiares decidem, não interferimos", diz Alves. Foi o único pedido de devolução na faculdade até o momento.
Velório simbólico
A orientação nos casos de doação é que ocorra um velório apenas simbólico, mais curto do que as cerimônias tradicionais, já que o corpo precisa de preparo quase imediato para emprego adequado em laboratório. O local mais comum é o necrotério do hospital. Não há um tempo máximo para a despedida, mas geralmente ela dura de duas a quatro horas.
É raro, mas há parentes que optam pelo velório com caixão, flores e serviço funerário. Nesse caso, a despedida também é mais curta e a funerária não faz cortes ou alterações significativas no cadáver, apenas injeta uma substância conservante para impedir a decomposição.
Grande parte dos doadores prefere o velório simbólico para amenizar o desgaste emocional e financeiro dos familiares. Além disso, o professor deixa claro que, uma vez doado, é como se o corpo estivesse enterrado - o que significa que não pode ser visitado.
A religião não chega a ser determinante na decisão, diz Alves. O professor explica que pessoas que seguem a mesma religião podem ter pensamentos diferentes sobre a doação.
"Alguns católicos acham que é um gesto nobre, outros pensam que o corpo deve ser mantido íntegro. Já para os espíritas, em geral, o corpo é apenas uma matéria e o que importa é o espírito", exemplifica Alves.
Um ponto que motiva questionamentos dos próprios doadores é o fato de não haver um túmulo que sirva como referência do morto para a família.
Nesse sentido há um projeto antigo de criar um mausoléu em homenagem àqueles que cederam o corpo voluntariamente, mas a ideia nunca saiu do papel por falta de recursos.
Enquanto isso, fragmentos retirados durante a dissecação dos cadáveres são enterrados no jazigo da Faculdade de Medicina em um cemitério da cidade. Ossos e órgãos permanecem no acervo do departamento.
Conservação e conhecimento
Ao chegar à faculdade, o corpo segue para o setor de necropsia, onde fica em uma câmara fria, com temperaturas de 4ºC a 6ºC. O sangue é substituído por uma substância conservante.
Após a preparação, o cadáver é mantido submerso em um tanque de formol, o que impede seu ressecamento, até o momento de ser utilizado.
Os corpos usados nos laboratórios são retirados dos tanques na segunda-feira e recolhidos de volta na sexta-feira. O procedimento é feito com o corpo inteiro e partes isoladas.
O professor já dissecou corpos de doares que entrevistou. A última vez que isso ocorreu foi há dois anos. Como corpos que chegam não são usados imediatamente, há um intervalo entre a entrevista e a dissecação. Essa conversa foi, portanto, há uma década.
"Fico muito mais tranquilo em trabalhar com um corpo que conhecia porque sei que ele fez a escolha de vir para cá", explica o docente.
"Senti uma certa tristeza", reconhece ele, "mas lembrei da conversa em que ele disse não querer dar trabalho aos familiares e que morava sozinho e isso me tranquilizou."
O professor não costuma mencionar isso aos doadores - apenas quando questionado -, mas também é um candidato à doação.
E enfrenta um desafio parecido com o de seus entrevistados: convencer os familiares - no caso dele, uma em especial.
"(A decisão) foi facilmente aceita pelo meu filho, mas não pela minha mulher. Ela ainda fica reticente."
A mulher costuma evitar o assunto, enquanto Alves procura retomá-lo em situações triviais do dia a dia, como um café da manhã. "Não é que queira morrer logo, só quero que minha vontade seja respeitada quando chegar o momento."
Na entrevista com as doadoras, Maria do Carmo Generoso, de 50 anos, diz que não revelou para toda a família a decisão que acabou de formalizar. "É uma decisão muito pessoal. Só meu filho e meu marido sabem", diz.
"Achei divino", afirma uma das participantes, que não quis ser identificada. Ela afirma que nunca gostou dos rituais de enterro e cremação, e que viu na doação uma alternativa. "Eu resolvi doar, mas tenho medo da morte. A vida é muito boa. A gente ama viver."
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terça-feira, 13 de dezembro de 2016
O direito de decidir até o fim da vida - Mariza Tavares - Blog Longevidade: Modo de usar
Continuando a falar sobre o tema de você ter o direito de decidir e de ser respeitado sobre o fim de sua vida
Texto reproduzido do G1
Um sopro de energia e renovação. Esta é a sensação ao ouvir Maria Aglaé Tedesco, juíza de Direito Titular da 15ª Vara de Família no Rio de Janeiro e doutora em bioética, ética aplicada e saúde coletiva. Instigante é que a juíza fala sobre a morte e sobre a importância de poder decidir até o fim:
“Enquanto somos protagonistas das nossas vidas, isso não parece importante, mas, e na velhice, quando às vezes não é possível manifestar a própria vontade? Quem falará por mim na terminalidade? Tem que haver mecanismos que obriguem as pessoas a cumprir essas vontades que foram expressas anteriormente. O Estatuto do Idoso ainda é desconhecido e pouco utilizado. Se não ouço o que o idoso quer para sua vida quando podia manifestar-se, estou cometendo uma violência contra ele”, afirma.
A juíza Maria Aglaé dá o exemplo de um pai, doente terminal, que expressa seu desejo de não ser ressuscitado ou de que a equipe médica lance mão de qualquer ação para reanimá-lo e mantê-lo vivo. A mãe, também idosa, concorda porque sabe que esse sempre foi o desejo do marido, mas o filho, jovem, intervém e diz aos médicos para continuarem tentando de tudo para manter o pai vivo. “Quem os médicos vão ouvir: a mulher ou o filho do paciente? Provavelmente o jovem, mas, pelo Código Civil, o cônjuge ou companheiro tem precedência em relação ao descendente”, explica.
Há documentos, como o testamento vital, que dispõem sobre os procedimentos a que um indivíduo deseja ou não ser submetido quando estiver com uma doença sem possibilidades terapêuticas e impossibilitado de manifestar sua vontade. Normalmente o documento é feito com o auxílio de um advogado e de um médico de confiança do paciente, embora este não deva impor sua vontade. Para a juíza, mais do que a forma, a grande questão por trás dessa decisão é se estamos prontos para dizer o que queremos.
O Conselho Federal de Medicina reconhece a existência da chamada diretiva antecipada de vontade e o texto é claro ao dizer que “as diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares”. É por isso que o rap feito pelo médico e palestrante Zubin Damania, conhecido como ZDoggMD, viralizou na internet. Crítico feroz do sistema de saúde, o doutor Damania trata do direito de decidir sobre o fim da vida. O vídeo chama-se “Ain´t the way to die”, ou seja, “Este não é o jeito de morrer”. Os versos são duros: “Meus desejos continuam desrespeitados/Eles apenas me prolongam/E não perguntam por quê/Isso não está certo/Este não é o jeito de morrer”. Vale conferir e refletir.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
A UTI dos idosos - Dra. Ana Lucia Coradazzi - Blog no Final do Corredor
Recebi esse texto pelo FB de uma prima médica e que veio ao encontro do que acho para alguns casos de internação nas UTIs, principalmente de idosos terminais. Já tive experiências em acompanhar parentes e amigos em situações como as descritas no texto da Dra. Ana Lucia Coradazzi, postado abaixo. Penso em igual teor, mesmo sendo um leigo e ignorante no assunto. Não desejo para mim tais sofrimentos e prolongamentos inúteis de uma vida que está na hora de fechar a conta, devido a data de validade vencida. é preciso que os familiares sejam menos egoístas, deixem de pensar em si e aliviem a dor e sofrimento de quem cumpriu sua passagem nessa bola flutuante no espaço em que vivemos, e deixem que suas pessoas amadas partam livres e sem maiores dores e sofrimentos prolongados. Não quero isso para mim. UTI não pode ser a antessala do inferno ou um local de testes de novos tratamentos, equipamentos e drogas experimentais. Deve sim, salvar as vidas possíveis, como tão bem, muita vezes, o fazem. Só não vale esticar a chegada da morte por uns dinares a mais ou as custas do sofrimento alheio. Outra coisa, precisam ser mais transparentes e menos arrogantes, muitas vezes, na atenção aos angustiados parentes. UNIVERSO.

A UTI dos idosos

O paciente à sua frente tinha quase 90 anos e um câncer de próstata avançado, com metástases ósseas disseminadas, tão magro que podíamos perceber seus ossinhos em saliências sob o lençol. Ao seu lado, uma senhora de 87 anos com insuficiência renal crônica, dependente de hemodiálise, que tinha evoluído com mais um edema pulmonar (era a quarta vez que era internada na UTI nos últimos 4 meses). Ela respirava com a ajuda de aparelhos há mais de uma semana, sem qualquer indício de que um dia poderia se livrar deles. Do outro lado, outro senhor idoso, por volta dos 90 anos, padecia de uma insuficiência cardíaca tão grave que não era possível retirar drogas vasoativas (medicações endovenosas administradas continuamente para que o coração pudesse exercer minimamente seu trabalho). Ele provavelmente nunca retornaria para sua casa, ou mesmo para um quarto comum no hospital. E era assim, dia após dia, que presenciávamos idosos com doenças irreversíveis sendo colocados na UTI para que suas vidas fossem preservadas por mais tempo. A qualquer custo.
Esse não é um problema brasileiro, e sim mundial. Quanto mais tecnologia disponível, maiores as chances de um idoso com uma doença grave terminar seus dias numa UTI. Não se trata de preconceito contra idosos, e nem de tentar reservar vagas de UTI para pacientes mais jovens. A questão é que a UTI, por mais moderna que seja, não pode oferecer a esses pacientes (e aos seus familiares) o que eles realmente esperam: uma vida aceitável de volta. Essas pessoas acabam se vendo inconscientes, com tubos por todos os lados, longe de tudo o que lhes é mais caro, por não oferecermos a elas o que realmente precisam: a compreensão de que suas vidas estão chegando ao fim e que a Medicina não poderá reverter esse quadro. Não é crueldade ou frieza, pelo contrário: é preciso ter uma enorme compaixão e uma preocupação genuína com o bem estar dos pacientes terminais para iniciar uma conversa que lhes permita escolher se é realmente assim que eles querem passar seus últimos dias. É preciso coragem.
Uma revisão recente realizada por especialistas da University of New South Wales, na Austrália, descreveu que cerca de ⅓ dos pacientes terminais receberam tratamentos que não lhes proporcionaram qualquer benefício. Cerca de 77% receberam antibióticos desnecessários, tratamentos cardiovasculares, digestivos ou endocrinológicos não benéficos, diálise, radioterapia, exames desnecessários ou mesmo quimioterapia. Exames foram realizados até mesmo em pacientes com desejo expresso de não serem ressuscitados, caso apresentassem uma parada cardíaca. Nada disso impediu que os pacientes viessem a falecer. Na verdade, a percepção geral é de que alguns desses tratamentos até mesmo aceleraram sua morte. Um cenário desolador.
Estima-se que metade dos idosos que morrem em UTIs poderia ter passado seus últimos dias em suas próprias casas, com maior conforto, e com o mesmo tempo de vida. A maior parte deles recebe tratamentos desnecessários por insistência de seus familiares, e não há muito o que os médicos possam fazer diante de uma família desesperada que se sente responsável pela preservação da vida de um ente querido. Médicos têm em suas mãos uma tecnologia quase infinita para manter corações batendo, rins funcionando, ou pulmões cumprindo sua missão. A questão é que manter um corpo em funcionamento nem sempre é sinônimo de preservar uma vida.
Aos 99 anos, ela entrou para essa triste estatística. Foram quase 40 dias de UTI, sem uma palavra, um abrir de olhos, uma despedida. Exatamente como muitos dos idosos que foram seus vizinhos durante esses longos e difíceis dias. Dificilmente a solução para essa realidade assustadora será rápida ou simples. Ela envolve uma compreensão ampla e contínua, tanto dos pacientes quanto dos familiares e médicos que os rodeiam, de que não é necessário lutar ferozmente contra a morte quando ela é inevitável. É mais inteligente e humano aceitá-la como parte da vida, e procurar ressignificar cada um dos nossos momentos finais. É mais coerente gastar nossas energias finais deixando legados, exprimindo nossos sentimentos para quem realmente os merece, priorizando o que nos é valioso. São essas as coisas que dão sentido às nossas vidas, e não o tempo em que mantemos nossos corações batendo.
UTIs são incríveis para um grande número de pacientes, que têm suas vidas restauradas e devolvidas, permitindo que voltem intactos para suas famílias e desfrutem de anos junto delas. Mas são terríveis e cruéis para aqueles que já cumpriram sua missão e cujas vidas não podem ser consertadas por tubos, drogas e aparelhos. Elas simplesmente não foram feitas para isso.
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