sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A ausente - Vinicius de Moraes

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

(in "Algumas Poesias", Ed. Sabiá, 1977, pág. 21.)

Leia o Blog do Alvarenga:
http://legalvarenga.blogspot.com/

Poesia enviada pelo amigo Mineiro de Ipanema - Rio de Janeiro - Luiz Edmundo Alvarenga
Foto retirada de uma apresentação enviada pelo amigo João Rodrigues - Vascaíno doente

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