O Brasil não pode se atolar em dívidas com a organização das Olímpiadas de 2014
(London Bridge UCB News)
O prefeito de Londres, Boris Johnson pretende transformar o Parque Olímpico na maior área de lazer da cidade de Londres. Isso não vai acontecer de imediato, porque ele precisa de mais 300 milhões de libras, e a maior parte desse dinheiro será aplicada a fundo perdido para desconstruir o que foi levantado para ter vida temporária. Incluem-se aí pontes, jardins, edifícios para apoio às delegações, a redução do número de lugares nos estádios e até o destino da Vila Olímpica.
O local vai passar a ter o nome de Queen Elizabeth Olympic Park e abrigará algumas das importantes instituições de arte e lazer como grandes galerias,companhias de teatro, festivais, shows e uma parte do espaço será repassado a empresas imobiliárias para construção de residências, explica Daniel Moylan presidente da Corporação do Desenvolvimento do Legado das Olimpíadas.
Enfim, encerrado os Jogos , os ingleses que chegaram a 65 medalhas, 29 de ouro, vão fazer as contas para estabelecer o valor real de cada medalha. Vão enfrentar a realidade da economia que, no trimestre anterior, ainda em pleno desenvolvimento das obras olímpicas, cresceu apenas 0,7%. A partir de agora já não terão as Olimpíadas para gerar emprego, e estão com uma fatura de mais de 9 bilhões de libras para pagar. Alguns desses gastos vão ser cobertos pela bilheteria dos Jogos, a venda de algumas estruturas. Fala-se que o velódromo de Londres iria para o Rio de Janeiro.
Essa questão de herança dos Jogos é muito séria para ser ignorada. É hoje uma das exigências do Comitê Olímpico Internacional o anfitrião demonstrar capacidade de solvência das dívidas. Os custos dos Jogos de Montreal foram pagos indiretamente, durante dez anos, pela população. Contudo, o contrário aconteceu nos Jogos de Los Angeles e Atlanta, onde custos foram cobertos por um consórcio de grandes empresas, chegando a registrar lucro de US 230 milhões. A fórmula não vingou em Londres. A iniciativa privada financiou apenas parte dos gastos.
O modelo de Los Angeles poderia até ser experimentado no Brasil, mas dificilmente vingaria, porque o governo brasileiro não abre mão de intervir na administração dos Jogos. O knesianismo brasileiro, supera o próprio Keynes. No final de 2016, a conta do Brasil deve ser bem mais alta que a da Inglaterra, porque os investimentos sistemáticos começarão desde 2013 com a Copa das Confederaç ões, Copa do Mundo de Futebol (2014), Olímpiadas de 2016. Dificilmente o PAC resistirá ao volume de investimentos que deverão ser feitos. O governo e as autoridades esportivas estão confiantes no caixa do BNDES, mas ele não é um fundo inesgotável.
No Brasil os governos empurram com a barriga gastos como esses, deixando a conta para o governante seguinte, que culpa o que saiu, e assim as dívidas rolam pelos tribunais até o dinheiro e os responsáveis desaparecerem. Em Londres, não. A avaliação contábil dos jogos começa agora. Os britânicos querem saber se os benefícios foram tangíveis. Depois de debut nos Jogos, os esportes entram agora na avenida dos políticos, economistas e contadores para quantificar os impactos sobre o PIB inglês, que deverá ser conhecido já no final do outono. Não parece ser o caso da Inglaterra, mas, para o Brasil, os Jogos de Atenas são exemplo para não ser esquecido.
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