segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A arrancada de Pistorius - De Londres, Aylê-Salassié

Dorando Pietri - italiano ganhou a maratona de 1908 - foi desclassificado por ter caído antes da chegada e foi ajudado pelos juízes, o que é proibido. Foto: Internet


(LondonBridge UCB News)

Ficar em último lugar na linha de chegada de uma prova Olímpica deixa qualquer atleta constrangido diante da festa do público para o vencedor. Este não é o caso de Oscar Pistorius, apelidado de “Blade Runner” ( filme : “O caçador de Andróides”) , atleta da África do Sul , amputado das duas pernas , e que , pela primeira vez na história das Olimpíadas, disputou provas classificatórias de 200 e 400 m com os maiores velocistas do planeta, ficando apenas dois segundos atrás.

Pistorius usa uma prótese de fibra de carbono para substituir as pernas, e tornou-se uma figura emblemática para a platéia, ao vê-lo correndo nas Olimpíadas em condições iguais aos atletas fisicamente normais. Derrotado nas provas classificatórias, ele volta, entretanto, para as Paraolimpíadas, em que tem recordes batidos por ele mesmo. A decisão de Pistorius de disputar as Olimpíadas parece ter sido uma opção pessoal mas, na realidade, sua performance pode ser também vista como uma espécie de demonstração das possibilidades que o desenvolvimento tecnológico está oferecendo para os esportes e para o próprio ser humano, timidamente absorvida nas Olimpíadas.

O credenciamento do “Blade Runner” para XXX Jogos , em Londres, mereceu uma calorosa discussão dentro do Comitê Olímpico Internacional, aprovando-o, entretanto, três ou quatro dias antes do início das provas. A decisão envolvia os avanços tecnológicos nos Jogos, que a cada edição fazem os recordes avançarem. Em Londres cerca de vinte deles foram batidos até agora, seja por um segundo de diferença ou até décimos de segundo, refletindo performances melhores, técnicas mais apuradas , sistema de condicionamento físico sofisticados e equipamentos tecnologicamente avançadíssimos.

Em cima desses recordes surgem as lendas, os ídolos, os deuses do Olimpo e, com eles, novos investidores no esporte, refletindo a cada olimpíada avanços no desenvolvimento dos produtos e do próprio controle do homem sobre a sua natureza. Pistorius está sendo chamado de “o homem , sem pernas, mais rápido do mundo”, que nas Paraolimpíadas tem até uma classificação especial, a classe T44 – amputados do joelho para baixo -, na qual estão inscritos atletas de outros países, usando tecnologias diferenciadas. Com os resultados de Pistorius, até agora somente ele. De tal forma que não se sabe se sua presença nos Jogos de Londres foi uma opção pessoal ou dos seus patrocinadores . Está em questão o desafio do corpo humano perfeito ( corpore sano) , que emocionou o renascentista Leonardo da Vinci ao ver concluída sua estátua de Davi, hoje em Florença.

Ontem um milionário russo , Dmitry Itskov (31), tornou púbico o apoio a uma iniciativa na área da ciência que, segundo ele, vai “fazer da imortalidade um conceito” e , por isso, anunciou estar financiando um projeto no qual acredita que os seres humanos , se quiserem, poderão viver para sempre a partir de 2045. Sua proposta inclui a substituição das habilidades humanas por robôs - meio humanos meio tecnologia –, por avatares – cópia do sujeito - ; e pelo o avatar holográfico – reprodução homem por um espectro de luz. Fábricas funcionarão com robôs, e exércitos serão estruturados com milhares de avatares. Os organizadores das Olimpíadas sempre acreditaram e transmitiram a idéia de que os Jogos Olímpicos contribuem sistematicamente de maneira expressiva para evolução das tecnologias e do próprio homem. Nas Olimpíadas Londres, Oscar Pistorius está dando a arrancada que falta.

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