4º lugar, ô raiivaaaa! - Internet
(London Bridge UCB News)
Os grandes perdedores olímpicos não são os que ficaram abaixo das três marcas principais (1º,2º,e 3 º lugares ), mas aqueles que chegaram em quarto lugar, às vezes, por uma diferença de décimos de segundo, outras por um descuido com o tempo relâmpago, ou , como diz Usaind Bolt, “porque não resisto a tentação de olhar para o lado”.
O quarto lugar numa prova olímpica é o que causa mais danos ao perdedor. O atleta fica inconformado. Há os que chegam a maldizer os locais onde treinou, as técnicas usadas , os técnicos que teve, terminando por amaldiçoar a si mesmo, ao considerar-se o pior dos mortais.
Por causa disso, um aficionado do esporte olímpico, do condado Derbyshire, no centro da Inglaterra, David Mitchell, que nunca teve sucesso como atleta, decidiu ser solidário com aqueles que terminaram em quarto lugar. Cunhou e começou a enviar para eles medalhas feitas de peltre, liga metálica resultante da fusão do chumbo, antimonio, estanho e cobre, menos valiosa do que o próprio bronze. A primeira foi para mergulhador britânico Tom Daley.
Mas a fila é grande e, provavelmente, Mitchell vai precisar criar uma corrente de solidariedade financeira para manter a produção paralela de medalhas olímpicas para os quartos lugares. Sao mais de trezentas provas.Resulta disso uma hipótese quase verdadeira .
Contrariamente ao espírito olímpico, poucos atletas vieram a Londres para competir. Todos querem ganhar . A medalha de ouro é o máximo do reconhecimento olímpico A medalha de prata permite ainda um certo orgulho pessoal - 2º do mundo -, e a medalha de bronze deixa o atleta entre feliz e triste. Mas, apesar disso, até o bronze o atleta está entre os melhores do mundo.
Entrevistas concedidas aqui por alguns atletas antes das competições revelam claramente essa postura anti-olímpica . Persegue-se explicitamente a medalha de ouro.Para Neymar, do futebol, “vim aqui para ganhar”. A também brasileira Maureen Maggi , do salto à distância feminino afirma que “ todas querem a mesma coisa, mas só há três medalhas”. O inglês Bradley Wiggs, do cliclismo, diz que “para ser cem por cento honesto, é ouro ou nada. Eu não posso sentar e dizer que eu vou ficar feliz com uma prata, ou um bronze.” Aí está, portanto, a explicação do porque os seis medalhistas brasileiros entraram ontem na entrevista coletiva no auditório do St John’s College, um escola imperial britânica\, sem as medalhas de prata e bronze brilhando no peito. Pareciam constrangidos para exibi-las, como se estivessem envergonhados com as próprias marcas.
Da mesma fora que aconteceu com Rebeca Adlington, ocorreu com eles. A opinião pública brasileira, na sua provincialidade, ofereceu-lhes o trono, mas eles não conseguiram conquistar a coroa. Entao se os próprios medalhistas sentem-se frustrados com o reconhecimento secundário – o marketing diz qu o segundo não existe - , imagine aqueles que, esperanços como todos, não chegaram sequer ao bronze.
Entre os atletas que ficaram em quarto lugar que mais impactaram a expectativa de David Mitchell , existem, inclusive, alguns ex-medalhistas de ouro de Olimpíadas e campeonatos mundiais anteriores. Iryna Kindzerska (Ukraine), judô feminino +78kg, uma mulher enorme, chorava copiosamente sobre o tatame. Shin A. Lan(Coréia do Sul), esgrima espada, que, num empate que lhe dava o bronze, perdeu o tempo e o lugar enquanto reclamava.
Mais dramático ainda foi para as cinco ginastas ucranianos que já haviam ganho as medalhas de bronze, mas Japão protestou contra a pontuação de Kohei Uchimura, de 13,466, por ter caído do cavalo com alças, os juízes aceitaram, e a pontuação de Uchimura subiu para 14,166, sendo a medalha transferida para o Japão. Uma vitória no tapetao . Houve um silêncio comovente entre as meninas da Rússia, que, em seguida, desabaram num choro inconsolável. O quarto lugar é o lugar mais terrível que tem nas Olimpiadas. Nao se deve desejá-lo nem para o pior inimigo.
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