quarta-feira, 7 de maio de 2014

Mãe (Desnecessária) - Márcia Neder

Foto: Blog As Palavras

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. 
Até agora. Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. 
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. 
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

"Dê a quem você Ama : 
- Asas para voar... 
- Raízes para voltar... - Motivos para ficar... " - Dalai Lama

Texto captado no FB de Fran Xavier

2 comentários:

  1. Olá, "brimo"! (sim, eu concordo muito com o seu amigo sobre os mineiros conversarem 5 minutos e já virarem "brimos"... rs)
    Que bela escolha de texto para esta postagem em comemoração ao dia das mães! Concordo muito com essa ideia de se tornar desnecessária... ainda que seja dolorido o momento de deixa-los alçar os próprios vôos ;)
    Abraço,
    Jussara - minasdemim

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    1. Sabe aquela história do "síndrome do ninho vazio"? , poi é, ela existe.
      Temos que não só preparar os filhos para serem eles e fazerem as suas escolhas, mas também, nos prepararmos para viver sem eles por perto.
      A grande recompensa e ver como eles conseguem voar alto, por eles mesmo, e sempre retornam, com um telefonema, umas linhas de e-mail para agradecer o quanto nos os preparamos para a vida. Isso conforta e mantém a vida.
      Aí , vem os netos, mas isso é outra história... que faz parte de tudo que plantamos.
      Grande abraço brima.

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