domingo, 15 de novembro de 2009

QUAL O SEU ERRO FAVORITO ?

Foto:UNIVERSO - FERNANDO DE NORONHA

(De Luiz Edmundo Alvarenga)

Essa coisa de que a maturidade nos ensina a viver melhor é mais ou menos verdade.
Vivendo mais que a segunda metade da vida, realmente ficamos mais espertos, não perdemos mais tempo bobamente, compreendemos melhor nossas escolhas e renúncias, enfim, a vida se torna mais ágil, mas quanto aos erros e acertos, fica tudo na mesma. Acertamos onde já acertávamos antes, e erramos igualzinho como sempre erramos.

Nem mesmo se consegue trocar erros antigos por erros novos.

Eu cometo os mesmos erros desde que me conheço por gente. Desde menino. Meu erro maior é a impaciência. Eu não sei esperar as pessoas darem o passo em minha direção, eu avanço e atropelo, porque a ansiedade não me permite atitudes civilizadas tipo "aguardar o momento do outro". Que aguardar, que nada.
- "Já tem a resposta?"
- "Você já está vindo pra cá?"
- "Leu meu e-mail?"
- "E o meu artigo, que tal?"
-Achou o meu parecer uma m...

Logo eu, o defensor número 1 da placidez humana. O que considera a coisa mais notável do mundo ser calmo e respeitar o ritmo natural da vida. O que faz poesia sobre a magnificência do tempo. O que estimula a meditação e a contemplação do universo. Balela. Sou um fominha.
E claro que, depois de receber minhas respostas - meio capengas, por causa da minha pressa - eu fico me martirizando. Por que não esperei? Por que dei bandeira? Por que forcei a barra? Por que fui tocar naquele assunto espinhoso? Teria sido tão mais elegante ficar na minha.
Prometo que da próxima vez ficarei de bico calado.

A próxima vez! Que piada. Nunca fui bom aluno, não vai ser agora que vou aprender alguma coisa.

Eu anuncio em primeira mão todos os meus atos e todos os meus sentimentos, extra, extra!

Eu me jogo, me disponibilizo, me dispo, me coloco a serviço de deus e do diabo, eu não me economizo! Sou controlador, mas não controlado, enfio os 10 dedos na tomada, levo choque, e mais tarde repito a dose, novo choque: sou um viciado em arrependimentos emocionais.

O que me conforta é que esse apego aos meus erros me inspira versos, crônicas e ficção, me ajuda a construir personagens, a dar-lhes uma vida que parece de verdade, e enriquece minha própria história, dá a ela credibilidade, já que ninguém confia muito em quem apenas acerta.

Qual o seu erro favorito? Pode ser uma pessoa que lhe despreza. Uma mulher que nunca retorna as ligações. Você se expõe demais. Ou de menos. Fala muito de você mesmo. Acredita nas mentiras que inventa. Em que erro você se apegou com tamanho carinho que nunca mais conseguiu abandonar?
Eu sei que a gente acerta muito, e os acertos nos transformam em alguém melhor, alguém que evolui, que sobe degraus no conceito da humanidade. A cada acerto somos reinaugurados, ficamos mais longe das nossas imperfeições. Mas é a reincidência nas bobeadas que autentica nosso lado mais verdadeiro, humano e normal.

Leia o Blog do Alvarenga
http://legalvarenga.blogspot.com

2 comentários:

  1. Universo, fiquei muito feliz coma inclusão dessa crônica no seu Blog! Valorizou-o sobremaneira...Obrigado!

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  2. Brimo, o texto é que valorizou o blog, mande outros , sempre que quiser. Abraços.

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