sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Moça da Janela - Márcia Christina Lio Magalhães

                         Foto: UNIVERSO - SABARÁ - MINAS GERAIS

Se te entrego todas as minhas palavras embrulhadas em tão fina seda, por que, então, desconfias das letras e exclamações?
Acaso avalias os fatos num tribunal de júri, onde o réu é condenado sem provas? Ora, não julgues aquilo que não entendes de fato, sabotando minhas convicções!
Se tu tens o coração fechado – por ter em algum momento da vida sido enganado, golpeado, traído, iludido – não aches que sempre será pego no encalço por tão traiçoeiro destino...
Soube que, há muito tempo, foi acometido a uma moça, se apaixonar por um belo cavalheiro. O mais intrigante é que ela só o conhecia por vê-lo passar frente a sua janela a cavalo, em direção à cidade, pois ambos moravam no campo.
Certo dia, a moça, enfrentando seus receios, colocou no meio do caminho uma cesta cheia de iguarias, esperando que o moço, quando visse a cesta, parasse para saber o que dentro havia.
Então, algo inesperado aconteceu...
Naquela manhã, estava a moça, como sempre, escondida pela cortina atrás da janela, esperando o misterioso cavalheiro, quando, de repente, o mesmo apareceu, montado em seu cavalo negro, de brilho azulado, galopando em direção à cidade. Vendo a cesta no meio do caminho – num impulso – puxou as rédeas com uma freada tão forte, que as patas da frente do cavalo ergueram-se assustadoramente. E diante daquele objeto, o que fez o cavalheiro?
Desconfiado, achando tudo muito intrigante – pois sempre por ali passava e nada parecido lhe acontecera – julgou o cavalheiro se tratar duma emboscada. Sequer olhou à direita de seus ombros, onde ficava a casa da moça da janela, e num golpe forte e temeroso apertou as esporas nas costelas de seu cavalo que, involuntariamente, arrancou em açoite dali.
A moça, entristecida diante do que acontecera, desceu e retirou a cesta do meio do caminho. O que ela não pressentia, que no outro dia, na hora marcada pelo poente, que sempre o cavalheiro por ali passava, nada aconteceu. Desconsolada, e sem entender o destino, foi lamentar-se à beira de um velho ipê florido, que fazia sombra à sua casa, em direção ao norte da estrada...
Nesse momento, um beija-flor descuidado estava voando abaixo da fronte da triste donzela. Ficou todo encharcado com as lágrimas e lhe confidenciou:
- Senhorita, sua intenção não foi compreendida pelo cavalheiro solitário que, diante da cesta em seu caminho, achou se tratar duma emboscada... Hoje mesmo o encontrei na estrada, mudou seu caminho e, em direção à cidade, agora segue pelos trilhos do trem, que mesmo sendo um trajeto mais distante, em seu íntimo acredita ele, tratar-se mais seguro, pois conhece muitíssimo a região e nunca soube de encontrarem por lá, cestas nos trilhos!
E sendo assim, a moça, desconsolada, deixou de ficar à janela a suspirar pelo seu bem. Nunca mais se ouviu falar daquele cavalheiro por aquelas bandas, pois jamais fora visto na estrada, onde hoje só mora a saudade e os pássaros nunca cantam...
Entretanto, dizem os velhos daquele lugar distante, que em noites de lua cheia, após a meia-noite, é possível ver na estrada um beija-flor pairando sob uma cesta repleta de singelas margaridas...

(Márcia Christina Lio Magalhães)
Conto do Livro Poetar é Preciso - Re-editado

"Todo filho é pai da morte de seu pai" Fabrício Carpinejar



"Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia."

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai. É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e instransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela - tudo é corredor, tudo é longe. É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios. E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz. Todo filho é pai da morte de seu pai. Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta. E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais. Uma das primeiras transformações acontece no banheiro. Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes. A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões. Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus. Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete. E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia. Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira: — Deixa que eu ajudo. Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo. Colocou o rosto de seu pai contra seu peito. Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável. Embalou o pai de um lado para o outro. Aninhou o pai. Acalmou o pai. E apenas dizia, sussurrado: — Estou aqui, estou aqui, pai! O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

Dica do amigo e especial provedor de queijo minas e doces mineiros -  Rodrigo Gomes e Oliveira - Banca do Itamar no Mercado Central de Belo Horizonte, onde você encontra os melhores queijos de Minas Gerais, doces de leite, goiabadas e outros especiais doces mineiros.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Politicamente incorreta - Bruna Lombardi

                                              Foto:  Internet

Fecha teus olhos
Para frases soltas em falsas verdades
Esquece todas as regras da boa educação
Rasga a minha carne com lâmina afiada
Me faz lamber, rastejar no chão
Quero expressar o que sinto
Quero morrer enforcada em teu cinto
Se assim desejar………..
E pouco me importa as regras e a opinião
Desses que vivem na fogueira da vaidade
Intitulando-se advogados da razão
E na sutil demagogia
Tentam mostrar o que não são
Para eles sou politicamente incorreta
Para mim, eles não estão corretos
Sendo assim responda-me: O que é ser são???
Como falou Marques de Sade e não foi em vão
“Se a minha maneira de pensar não for aprovada.
O que me importa?????” …. Danem-se então!!!
Quebra-me agora em mil pedaços
Faz meu corpo um vidro em estilhaços
Introduz minh’alma no inferno se preciso
Mas deleta da memória as regras e os laços
Da sociedade hipócrita da razão.

(in "Brunissíma", Léo Christiano Editores)

Dica: Brimo - Luiz Edmundo Germano Alvarenga - BLOG DO ALVARENGA

Prato do dia - Gaspacho Andaluz - Receita tradicional da Dõna Rosário de Sevilla - Espanha

Excelente prato para o verão. Refrescante, saboroso, leve e colorido
Pode ser servido como entrada ou prato único

Gazpacho Andaluz - Receita tradicional de Dõna Rosário de Sevilla - Espanha 

Preparo: 30 minutos Rendimento: 6 porções (Sirva como entrada de verão)

Ingredientes: ½ Kg de tomates maduros. Miolo de 4 pãezinhos adormecidos Sal 4 colheres (sopa) de azeite de oliva 2 colheres (sopa) de vinagre

Acompanhamento: Pepino; Pimentão verde; Cebolinhas novas; Pão frito no azeite; Ovo cozido moído.

Modo de Preparo: Tire a pele e as sementes dos tomates. Deixe o pão de molho na água fria por 15 minutos. Retire, esprema o excesso de água e bata no liquidificador, juntamente com os tomates, até obter um creme fino. Junte o sal, o azeite, o vinagre e ¾ litro de água.
Sirva com cubos de gelo, acompanhado de pepino picado, pimentão e cebolinhas, pedacinhos de pão frito no azeite de oliva e/ou ovo cozido moído.



Fotos: UNIVERSO 

Preparo do prato: ULISSES SOARES - Meu filho

Conheça o blog do Ulisses - Acesse:   http://ulisses-ithaca.blogspot.com  (viagens, receitas, dicas de lugares, hotéis, restaurantes).

Momentos mágicos ao entardecer.

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Fotos tiradas da janela de meu apartamento em Belo Horizonte




Fotos tiradas em Chicureo - Chile










                                     Fotos: UNIVERSO

Para não dizerem que não falei de flores


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Fotos: UNIVERSO

O que é ser civilizado? O que é desenvolvimento? O que é o mundo moderno?



Dica do amigo Adenir Balmant - Torcedor do Rei do tapetão - Mineiroca

Como fazer, em casa, tinta segura para suas crianças

Gostei dessa ideia, não fiz ainda para meus netos. Vou fazer. Fica a sugestão.


Dica da amiga - Teresa Curátola, de Lagoa Santa

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Você é fiel a receita? - Pati - Blog Dedo de Moça

10 Jan 2014 05:00 AM PST - BLOG DEDO DE MOÇA

Pati - Blog Dedo de Moça

Quando você vai pra cozinha com uma receita na mão, qual é a chance de não respeitar muito o que o texto diz e se aventurar seguindo seus próprios instintos? Tirando as receitas de confeitaria, eu sou do time da infidelidade, rsrsrs! Isso não significa que não goste de receitas, muito pelo contrário, sou apaixonada por livros de culinária e vivo navegando em sites. Mas gosto da liberdade de poder usar a receita apenas como um ponto de partida e me deixar levar pelos aromas. Acho uma delícia descobrir novas possibilidades para aquele prato, incluir um tempero, acrescentar um ingrediente, substituir outro que está em falta… Ligar o som, abrir uma garrafa de vinho e ir provando até acertar a mão.

 O toque que eu vou dar ao prato depende – absolutamente – de quem vai experimentá-lo, porque o que mais me dá prazer é cozinhar para as pessoas! E quando falo isso significa que minha receita pode mudar completamente se estiver fazendo um prato para minha mãe, meu marido, minha avó, um desconhecido e por aí vai… Toda a inspiração que me leva até o fogão é agradar (ok, já discuti muito isso na terapia), é passar tudo que eu tenho de melhor através da comida, acho que dá pra definir como um gesto de amor, concordam?

Agora, vocês podem imaginar o quanto eu deixo minhas alunas loucas com esse “desprendimento” quando estou dando aula. Vira e mexe estou ensinando uma receita e sou interrompida por um: “Pati, mas isso não tá na receita”. É nesse momento que eu percebo que ensinar não é só passar conhecimento, mas é também – e principalmente – inspirar pessoas!

O BLOG DEDO DE MOÇA É UM DOS QUE EU SIGO, E RECEBO QUASE QUE DIARIAMENTE, ATUALIZAÇÕES SOBRE ASSUNTOS LIGADOS A CULINÁRIA. RECOMENDO DAR UMA OLHADA E SEGUIR: HTTP://WWW.DEDODEMOCA.NET

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fragmento do Homem - Eugénio de Andrade


Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor. Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros. Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.

E poderia ser de outro modo? Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à "sabedoria" do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em "cadáver adiado que procria", como poderia a arte deixar de reflectir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida?

Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão.

Eugénio de Andrade in Os Afluentes do Silêncio

Dica: Luciane de Curitiba 

Foto: Internet - Desconheço o autor, quem souber, favor informar, para os devidos créditos.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Beba de mim - Letícia Thompson

 
 Foto: Internet 
 Desconheço o autor. Caso, alguém conheça, favor enviar-me o nome para os créditos merecidos.

Quero que você
Sacie sua sede de mim.
Que me beba e me tome,
Que se embriague
Do meu amor
Como do mais puro vinho,
Que me envolva e te envolva
Em lençóis de linho,
Beijos, carícias e carinhos...
Que você caminhe
Por meus caminhos,
Que me descubra,
Para que eu te renda
No auge desse instante,
Toda essa magia
Que vem de você
E me envolve
Em sonhos
Dos quais não quero acordar. 

 Dica: Blog do Alvarenga, do "brimo" Luiz Edmundo G. Alvarenga
http://blogspot.legalvarenga.com

é cedo - Carol Timm

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Voo de casal de  Quero-quero -  Outros nomes: téu-téu, terém-terém e espanta-boiada. Nome em inglês: Southern Lapwing. Nome em espanhol: Tero común.


é cedo
o dia recém acordou
e já estou chegando

os olhos
antes de se fixarem
nas paredes, nos monitores
percorrem o céu tão livres
bandos de biguás
cruzam
para além
da torre da igreja

não há tempo agora
para uma fotografia

há o resto
do dia
para recordar
a cor desta manhã

até ela se tornar outra

novos dias, aves e voos

(Carol Timm)

DICA: Minha filha Juliana  -  Foto: UNIVERSO

Para não dizerem que não falei de flores

CÂMERA NIKON COOLPIX S9500

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Fotos: UNIVERSO - Local: Chile

Prato do dia

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 Carpaccio de polvo

 Bacalhau cremoso com pimentão vermelho



 Batatas assadas com creme de leite temperado e ervas

Bolo de chocolate com nozes, sorvete de creme e calda de morango

Nougat de amêndoas, nozes, castanhas do Pará e de cajú, mel, alecrim

Fotos: UNIVERSO
Preparo dos pratos, nougat e calda de morango : Universo
Bolo de Chocolate: Walcira

Quem desejar, é só pedir a receita do prato que preferir que envio por e-mail, ou público no blog

Abrir os olhos, ver as belezas e a realidade da sua vida.


DICA da prima Mercedes Basílio, de Cabo Frio

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ainda está em tempo, 2014 esta só começando - Segredos para um bom ano


Foto da flor do Bordo ou Acer - tirada no Chile


Dica do texto: Amiga carioca Sonia Nigri, que jurou que vai seguir esses segredos.
Foto: UNIVERSO - Flor do Bordo ou Acer
Clique na foto e no texto para ampliar


Fotos macro ou micro

Fotos tiradas com Nikon Coolpix S9500 - Treinando macro ou micro


A elegante Dona Joaninha


Curtindo uma casca de laranja


Minha casa minha vida, eu mesmo levo.


Antenado e de olho em você


Irmã da Dona Joaninha - veja que as asas possuem desenhos diferentes


Desculpe-me, espirrei, estou gripado


Contrastes

Fotos: UNIVERSO - NIKON COOLPIX  S9500