quarta-feira, 26 de abril de 2017

Aspecto financeiro do morrer, decisões sobre prolongamento e despedidas vem à tona no fim - Gláucia Chaves

Algumas pessoas preferem se planejar para não deixar pendências para trás


Do ponto de vista filosófico, falar sobre a morte pode dar um novo significado à vida. “Imagine se ninguém morresse, como seria a nossa existência? Adiaríamos as coisas por 100, 200 anos”, pondera Ana Sandra Fernandes, psicóloga clínica da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB) e conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Ela explica que a morte é complicada por ser desconhecida. Para a especialista, a maior dificuldade, no entanto, não é tratar da morte, mas encarar a vida. “O medo de morrer ou de falar em morte atormenta mais as pessoas que não estão vivendo plenamente. Então, elas pensam que a vida pode acabar. Pensar e refletir traz um aspecto essencial para a sociedade e para as relações. A morte nos humaniza.”


Falar da morte e, principalmente, se preparar para esse momento é importante até para que familiares e amigos não sejam pegos de surpresa. Por isso, cada vez mais as pessoas estão colocando esse assunto em pauta em casa, discutindo o que elas querem para quando a hora chegar. Nada de morbidez, tristeza ou lamentações, mas o cuidado e o carinho com ela própria e com quem fica.


Em 15 de dezembro de 2010, uma quarta-feira, às 15h, Jundacy Noroná Garcia, de 56 anos, compareceu ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Diante da promotora de Justiça, confirmou a pretensão de doar o seu corpo após a morte, para fins de pesquisa e ensino médico, nos termos do artigo 14 do Código Civil e do disposto pela Lei 8.501/92. Essa declaração consta do documento assinado por ela, que confirma uma decisão antiga, tomada nos tempos de estudante de direito. Mais de três décadas após ter cogitado a ideia, Jundacy finalmente comunicou a vontade à sua filha, Priscila, à sua irmã, Juany, e à sua mãe. No dia em que oficializou o pedido, ainda não havia comunicado ao marido, mas pretendia fazê-lo.


Os documentos assinados por Jundacy autorizam o MPDFT a fazer o registro do óbito em cartório, à época em que ocorrer, e a tomar as providências necessárias. Não haverá velório, caixão ou qualquer rito que indique a passagem dela. No documento, a Promotoria de Justiça do órgão registrou “reconhecimento pelo altruísmo da declarante, disposta a colaborar com a evolução das ciências médicas e com a formação de novos profissionais de saúde”. Quando o corpo de Jundacy não tiver mais vida, será encaminhado a uma das faculdades de medicina do Distrito Federal.


TABU

Preparar-se para a morte – ou mesmo conversar sobre ela – ainda é um desconfortável tabu. Pensar sobre preferências médicas para momentos em que a fala ou qualquer outro tipo de expressão não é mais possível é também algo raro e, geralmente, associado apenas aos que estão com os dias contados. Ocorre que a vida é imprevisível. Deixar claro para parentes, cônjuges ou pessoas de confiança questões como “quero ser enterrado(a) ou cremado(a)” ou “desejo (ou não) que a minha vida seja mantida por aparelhos quando não há mais nada a ser feito” são importantes. Planejar o fim da vida, para os especialistas e personagens ouvidos pelo Bem Viver, não precisa ser sinônimo de morbidez. Ao contrário, é sinal de que a morte pode ser encarada pelo que realmente é: uma das fases da própria vida.


DEPOIMENTO

Testamento vital

O meu trabalho nos últimos 30 anos tem sido orientar como “Manter ou melhorar a qualidade de vida da pessoa com Alzheimer ou doença similar, e da sua Família” e entendo que, enquanto há vida, é preciso manter a sua qualidade. Um dos meus maiores sonhos é ver cada vez mais pessoas idosas se aproximando do fim da vida com suas próprias decisões tomadas e registradas em Testamento Vital, a família e amigos avisados sobre como querem passar a sua última etapa da vida, caso não puderem mais se comunicar e opinar. A opção por cuidados paliativos poderia evitar sofrimento nesses casos, especialmente na demência em fase avançada. É comum haver discordâncias e conflitos entre familiares e profissionais sobre questões como alimentação via sonda, deslocamento para CTI e intervenções fúteis. Somente familiares e amigos que se amam, conhecem o que significa qualidade de vida um para o outro e aquilo que sempre trouxe prazer e alegria, satisfação, prioridades, como também os medos, temores e traumas. Ao cuidar do meu esposo, Paul, em casa até a sua morte, em 2009, considerei todos esses fatores. As suas músicas favoritas, os aromas da casa, o cachorro por perto, a localização da cama, a vista da janela, foram exatamente como ele sempre gostou durante a vida e, assim, criamos um “ultimo casulo” do qual ele um dia saiu e voou.


Juddy Robbe - Trabalha com grupo de apoio para familiares de pacientes com Alzhmeimer


PARTE DA PRÓPRIA VIDA

Uma pesquisa da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, abordou a questão da falta de comunicação entre idosos e parentes quando o assunto é planejamento para o fim da vida. O estudo, publicado em março no Journal of the American Geriatrics Society, entrevistou 350 adultos com 55 anos ou mais. Além deles, os pesquisadores conversaram com as pessoas escolhidas pelos participantes como seus “tomadores de decisões”, ou substitutos, por assim dizer. Para avaliar o conhecimento dos substitutos sobre as vontades dos idosos, Terri Fried e os demais geriatras do time de pesquisadores perguntaram se os pacientes escolheriam ser tratados mesmo que o tratamento os deixasse doentes ou gravemente prejudicados física e cognitivamente.


Os resultados apontam que mais de 40% das duplas admitiram não ter conversado sobre desejos de tratamentos, testamento ou seguro de vida. Só 20% dos substitutos souberam prever as vontades dos pacientes para tratamentos de manutenção da vida. “O planejamento precisa incluir uma discussão facilitada entre o paciente e o substituto para se certificar de que eles estão ouvindo uns aos outros e falando sobre coisas que são importantes para o paciente”, ensina Fried. Facilitadores clínicos ou a própria internet podem ser ferramentas valiosas para garantir que os planos para a manutenção da vida e para o pós-morte estejam afinados entre pacientes e substitutos.


No caso de Jundacy Garcia, de 56 anos, a decisão de doar o próprio corpo para faculdades de medicina já está sacramentada em forma de documento (foto: Arquivo pessoal )





No caso de Jundacy Garcia, de 56 anos, a decisão de doar o próprio corpo para faculdades de medicina já foi mais do que comunicada: está sacramentada em forma de documento. Jundacy já era doadora sistemática de sangue e viu na doação do corpo uma forma nova de se sentir útil. A família inteira tem uma cópia do documento, que pode ser revogado por Jundacy a qualquer momento caso ela mude de ideia.

De fala suave, mas decidida, ela garante que sua decisão já está tomada. Criada em família católica, a mãe de Jundacy demorou a entender a motivação da filha. Sugeriu que ela conversasse com um padre para se certificar de que não há pecado na escolha. “Tenho fé em Deus e me declarei católica ao assinar o documento, mas não quis complicar as coisas. Não tenho esse apego. Uma coisa é religião, outra coisa é o meu corpo”, justifica Jundacy.

Ela conversa sobre a morte com naturalidade e bom humor. Um exemplo: em 2012, Jundacy se descobriu com câncer de mama. A reconstrução da mama foi feita a partir de um retalho abdominal, em que os médicos retiram parte do abdome inferior, com músculos retoabdominais, para refazer o seio arrancado. No abdômen, a área dos músculos retirados é reforçada com uma tela de material especial. “Olha só quanta coisa vão encontrar no meu corpo: tem a mama reconstruída, a tela… Hoje, ele tem muito mais detalhes do que quando decidi doá-lo”, brinca.


DECISÃO

Nem todo mundo encara o assunto de forma tão leve, contudo. O marido, quando soube da decisão, não expressou opinião. Disse apenas que Jundacy poderia fazer o que quisesse. “Já ouvi que sou doida, que isso não é normal. Já ouvi de pessoas espíritas que não é bom. Mas não misturo as coisas. Se você ficar ouvindo todo mundo, tudo vai ser pecado.” Religião, falta de conhecimento, medo. Para ela, todas essas variáveis impedem uma conversa franca sobre um momento natural e que acontecerá com todos nós. “Quis decidir logo porque, se acontecesse alguma coisa, não iria mais dar tempo”, completa.

E Jundacy quase não teve tempo mesmo: durante o primeiro ciclo da quimioterapia, teve dois choques anafiláticos. Quando sentiu sua glote fechar, pensou que sua hora havia chegado. “Pedi perdão pelas minhas falhas, mas pensei que estava pronta. Sem pânico. Não tenho medo da morte. A morte é um fenômeno tão natural quanto nascer.”


Registro de vontades

A morte nunca foi um mistério para Raimunda Ramalho da Silveira, de 92. A aposentada passou grande parte da vida lidando com os percalços da existência: enfermeira, presenciou inúmeros nascimentos e mortes. No começo da carreira, trabalhou na clínica médica de um hospital do Rio de Janeiro. Lá, viu que muitos pacientes eram internados para morrer. “Aquilo me deixava muito preocupada, tanto remédio para prolongar a vida. O certo é sedar o paciente para que a morte venha sem sofrimento”, opina. “Eu controlava o soro, a pressão deles, ficava naquela agonia para manter o paciente vivo. Ficava pensando: mas se ele vai morrer mesmo, para que tanta coisa?”.




Raimunda Ramalho da Silveira, de 92 anos (foto: Arquivo pessoal )


Quando um familiar de Raimunda sofreu um derrame, ela foi fazer uma visita. O paciente estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital particular da capital federal. “Olhei no painel que diz quanto oxigênio a pessoa está recebendo e a pessoa estava com 60% de vida artificial – ela não sairia viva dali”, relembra. “A diária custava R$ 1 mil. Eu disse ao meu primo que aquilo era um verdadeiro saneamento econômico para o hospital.” Dois meses depois, o parente de Raimunda faleceu.

O episódio a marcou profundamente. Raimunda achou aquele tratamento inadequado, com medicações excessivas e um investimento monstruoso para uma situação em que a vida não conseguiria vencer. “Pensei: não vou deixar que isso aconteça comigo.” Os anos se passaram, Raimunda se aposentou e, aconselhada pelo geriatra, resolveu deixar registrada sua vontade de não permanecer viva caso venha a depender de aparelhos para tal. “Assinei os papéis consciente de que estava fazendo a coisa certa”, reforça. “Quando for a minha hora, não quero que me deem oxigênio ou que façam traqueostomia, quero que me sedem. De que adianta passar quase dois meses no hospital, com 60% de vida artificial, para morrer do mesmo jeito?”, questiona.


FASE TERMINAL

Desde 2012, é possível registrar em um prontuário a quais procedimentos o paciente quer ser submetido no fim da vida. A Resolução 1.995 do Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece que qualquer pessoa (maior de idade e em plena consciência) pode definir com o médico quais os limites terapêuticos na fase terminal. Daniel Azevedo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), acredita que o tabu em torno da morte tem um quê de superstição: evita-se falar sobre ela para não “atraí-la”. “Quando falamos sobre ela, não estamos sendo mórbidos ou atraindo energia negativa”, pondera. “Estamos dizendo exatamente o que queremos e o que não queremos para nós mesmos. Estamos nos mantendo como protagonistas da nossa própria história.”

Há um estudo da Universidade de Stanford em que os pesquisadores perguntaram para um grupo de médicos que procedimentos eles gostariam ou não de receber ao fim da vida, conta Azevedo. Quando perguntados se aceitariam ser entubados, reanimados, receber alimentação artificial em sondas e outros procedimentos dessa natureza, a maioria dos profissionais afirmou que não gostaria de passar por essas situações. “Para alguns desses itens, a média de negação chegou a 98%”, completa o médico. “O fato é que existe um contraponto entre o que os médicos não gostariam que fosse feito com eles e o que fazem com os pacientes. É possível que os próprios médicos não estejam confortáveis para conversar sobre o término da vida.”

As reações acerca da morte variam: dentro do consultório, o geriatra diz que há quem se ofenda, mas há quem se sinta aliviado por tocar no assunto. “Muitos idosos têm vontade de falar sobre o assunto, mas são inibidos pela família ou por seus cuidadores”, completa. “A mensagem é que nunca é cedo demais para dizer aos que nos cercam como gostaríamos de ser tratados. Nossa situação pode mudar da noite para o dia e podemos perder nossa capacidade de comunicação.” A dificuldade de aceitar perder quem se ama é, para Daniel Azevedo, outro entrave na conversa sobre a morte. “É uma armadilha, um egoísmo. Nessas situações, as decisões não são tomadas em prol da pessoa que está lá, mas de acordo com a vontade de algum familiar. Quem está morrendo é que deve ser o ator principal, os outros são coadjuvantes.”


Resolução 1.995/2012

Conhecido como diretiva antecipada de vontade, o documento é uma espécie de testamento vital. Lá, o paciente pode registrar os procedimentos pertinentes e quais não devem ser usados em casos de doenças crônicas ou terminalidade da vida. Ventilação mecânica, tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos que causem dor intensa ou reanimação em casos de parada cardiorrespiratória são alguns dos critérios que podem ser incluídos no documento. O registro é formalizado em prontuário. A diretiva antecipada de vontade é facultativa. Só é permitida a maiores de idade ou menores emancipados judicialmente. Crianças e adolescentes não podem fazer o documento (nem os pais podem fazê-lo em nome dos filhos).

Os médicos são treinados para garantir que a vida continue. Contudo, a morte, por vezes, é inevitável. Helena Moura, psiquiatra e psicoterapeuta, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr), comenta que a classe médica também sofre quando não há mais o que ser feito por um paciente. “O doloroso é ter a sensação de que o médico poderia ter feito algo e não fez”, completa. “Temos a impressão de que temos que lutar contra a morte a qualquer custo. Dependendo da situação, essa luta não vale a pena.” Muitos médicos, segundo a psiquiatra, sentem dificuldade em lidar com a morte. “Amparar alguém, então, é quase inviável.”

Lidar com a morte como parte do dia a dia profissional é um desafio emocional. Patrícia Werlang Schorn, oncologista e coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, trabalha há 15 anos com pacientes em diversas fases da vida. Ela frisa que não há, na formação dos médicos, nenhuma disciplina para preparar psicologicamente os profissionais nesse sentido. “Vamos aprendendo com o que a vida vai ensinando”, comenta. A sensibilidade para conversar sobre o fim da vida acaba sendo uma habilidade pessoal do médico, avalia a especialista.

Informar quando um paciente não tem mais perspectiva de viver, por exemplo, é algo extremamente delicado. Cabe ao médico decidir como e quando fazer. “Alguns pacientes estão muito preparados para receber notícias duras sobre o fim da vida, e outros não”, completa. “Explico com sutileza, não despejo de forma pesada, e informo claramente como vai ser a evolução da doença. O objetivo é lidar com a boa morte, o que significa que, em algumas situações, atingimos o fim da vida. O esforço contrário é em vão.”

Entender os próprios limites como profissional é outro grande desafio para os médicos. “Quando escolhi a oncologia, um colega me disse que eu perderia todas as batalhas. Acho que a oncologia, apesar do contato iminente com a morte, me faz pensar todos os dias sobre os valores da vida. A vida tem várias formas de terminar, não necessariamente com a morte do corpo. Pode acabar quando a vida perde a graça, por exemplo”, reflete Patrícia.

O hematologista Eduardo Flávio Ribeiro, membro titular da Sociedade Brasileira de Hematologia e professor de hematologia da Universidade de Brasília (UnB), também convive com a morte diariamente, sem nenhum tipo de acompanhamento psicológico. “Acho que, de certa maneira, todos deixamos de lado um pouco o pensamento da nossa finitude no nosso dia a dia”, opina. “Ficamos envolvidos com questões sociais, de trabalho, financeiras ou de ordem familiar – a morte não é uma questão presente. Temos a impressão de que ela não vai chegar, de que sempre vai dar tempo.”


COMO ESPELHO

Eduardo Ribeiro já presenciou muitas mortes. Para ele, lidar com isso é especialmente duro quando se trata de um jovem. “Além da questão de que aquela pessoa tinha a vida inteira pela frente, tem a questão do espelho. É alguém que poderia ser você, que tem a sua idade, filhos, casamento. A gente esquece que nós, seres humanos, temos um valor incalculável para as pessoas que nos amam.” Quando ainda era residente, Eduardo acompanhou um paciente diagnosticado com câncer de pulmão metastático, já fora de possibilidade de cuidados terapêuticos. Os médicos, sem poder fazer qualquer outra coisa, criaram um espaço para que a família se despedisse do paciente com privacidade. “Quando ele deu o último suspiro, a esposa dele me disse que quem eu estava vendo morrer não era mais um paciente, mas o amor da vida dela, com quem ela tinha escolhido viver. Nunca vou me esquecer disso.”

Mesmo com mais de duas décadas de experiência, o médico não se considera preparado para a morte. Mas a encara de maneira a ajudar ao máximo quem está passando por ela, seja com conhecimento técnico ou mesmo conselhos financeiros. “Falamos sobre expectativa de vida, viagens que ele ainda queira fazer, sonhos”, enumera. “Muitas vezes, a gente espera ouvir a pessoa dizer que fumava, bebia. O que ocorre é que muitos dizem que passaram a vida inteira só trabalhando. O que aprendi é que a vida nem sempre é justa, mas temos que viver o presente. Fazer o que gostamos, ter um planejamento, mas ficar no presente, no médio prazo. Saber que muitas pessoas só se deram conta do quanto é importante a vida no último momento é muito doloroso. Precisamos ser menos mecânicos e mais humanos.”

Planejamento funerário



Especialista em educação financeira, Reinaldo Domingos pontua que o planejamento é importantíssimo para evitar que o momento seja ainda mais delicado (foto: Marco Antonio Sá/Divulgação)

Preparar-se para o fim da vida inclui muitos tipos de planejamento. Além dos procedimentos médicos, é preciso levar em conta os aspectos financeiros. Jazigo, cremação, velório, seguro de vida e muitos outros itens entram na lista de gastos funerários. Reinaldo Domingos, doutor em educação financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), pontua que decisões desta natureza, infelizmente, costumam ter altos custos. Planejamento, portanto, é importantíssimo para evitar que o momento seja ainda mais delicado.

Pesquisar, fazer escolhas e orçar serviços e produtos necessários, de acordo com o especialista, são passos indispensáveis. Ter uma poupança é uma das recomendações de Domingos. Explicar a finalidade do dinheiro para parentes e/ou cuidadores do paciente é outra orientação valiosa. “Há também gastos com caixão, traslado, manutenção do jazigo e exumação, o que pode pesar no bolso dos familiares”, completa. “Com certeza, a poupança será uma preocupação a menos para eles.” (Veja quadro.)

Aspectos a serem considerados

» Jazigo

Caso deseje ser enterrado/a, é importante procurar saber se familiares e amigos dispõem de jazigos que podem ser usados por sua família. Em caso negativo, é válido pesquisar e orçar os custos, lembrando que serviços funerários podem ser contratados e pagos com antecedência. Consulte pacotes – eles podem ser mais vantajosos.

» Cremação

Em muitos casos, essa opção é mais barata do que o enterro, considerando especialmente as despesas com manutenção. É válido procurar empresas confiáveis e que pratiquem um bom preço, deixando a indicação e os contatos com os familiares. Contratar e pagar com antecedência é uma garantia de que tudo ocorrerá de forma segura e tranquila.

» Velório

A maioria dos locais que prestam o serviço de enterro e cremação oferece espaço para o velório. Caso não haja essa possibilidade, é importante buscar um espaço que atenda às necessidades da família, orçando os valores com antecedência. É válido incluir no orçamento as despesas com flores, cujo preço pode variar bastante.

»Testamento

Para quem tem patrimônio, investimentos ou acredita que a partilha dos bens pode gerar dor de cabeça, é válido buscar o respaldo de um advogado e elaborar o documento com antecedência, considerando tanto seus desejos quanto as necessidades dos que ficam.

» Seguro de vida

É muito importante ter uma reserva financeira ou seguro de vida que garanta proteção aos familiares, para que tenham suporte para manter seu padrão de vida caso uma fatalidade ocorra. Na maioria dos casos, a indenização abrange a invalidez em decorrência de doença ou acidente.

» Doação de órgãos

Caso tenha esse desejo, com a consciência de que poderá beneficiar outras pessoas, manifeste-o aos familiares e amigos mais próximos para que isso não seja esquecido. Afinal, a disposição será cumprida pela família.


Fonte: Reinaldo Domingos, doutor em educação financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin)

Texto publicado no Portal Uai - O grande portal dos mineiros - www.uai.com.br