sexta-feira, 31 de agosto de 2012

JOGOS PARALÍMPICOS DE LONDRES 2012 - De Londres, Henrique Carmo, Flavio Brebis

Estamos apoiando a divulgação das Paralimpiadas 2012 que se realizam em Londres com cobertura da equipe de estudantes de comunição de Brasilia, coordenada pelo Aylê-Salassié
 
Brasil conquista seu primeiro ouro nas Paralímpiadas. Na natação Daniel Dias com ouro, André Brasil com prata e o bronze de Michele Ferreira no Judô

             (London Bridge UCB News, Londres).

O atleta brasileiro,  Daniel Dias, consagrado na natação nos Jogos de Pequim,em 2008; nas Paralimpiadas de Londres 2012 bateu o seu próprio recorde mundial nos 50m livres, categoria S5, com o tempo de 32s05, 21 centésimos e conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil. O Brasil fecha o primeiro dia de competição em 8º lugar no quadro de medalhas com três medalhas, A China lidera o ranking com 15 medalhas seguida da Austrália com nove.
É a décima medalha na carreira de Daniel Dias,  mostrando o porque é favorito entre os competidores de sua classe. Estrela da delegação brasileira, Daniel na abertura entrou carregando a bandeira do Brasil. O atleta está fora de casa há mais de um mês aclimatando-se para esta edição dos jogos. Começou em Sierra Nevada, na Espanha, depois, junto com a delegação, foi para Manchester, cidade a 320 quilômetros de Londres. Em seguida veio para a capital Britânica, para  brilhar nas piscinas paralímpicas.
"Fiquei muito feliz por começar os Jogos com o ouro. Em Pequim foi da mesma maneira, espero repetir os resultados de lá" , disse Daniel. Em Pequim foram quatro ouros quatro pratas e um bronze. A expectativa é a de que ele repita sua performance em Londres.
          O Brasil conquistou também a prata com o nadador André Brasil nos 200m medley, e no judô Michele Ferreira ganhou o bronze na categoria até 52kg. A brasileira não chegou sequer a competir na final, porque a francesa Sandrine Martrinet contundiu-se antes da luta, dando a vitória para Michele.
          Outros resultados do Brasil nesse primeiro dia de competição foram Clodoaldo Silva, que terminou os 50m livre, em quinto lugar, e Joana Neves, que ficou em quarto na final também dos 50 metros livre.
          
Algo no ar

Na abertura dos Jogos Paralímpicos de 2012, o Estádio Olímpico de Londres transforma-se em um palco de celebração da criatividade humana

“SOMETHING IN THE AIR” (Existe algo no ar) é a manchete, em caixa alta,  da edição especial do Jornal The Times após a Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos de 2012, ao se referir as performances que tomaram formas, cores e voos diante de uma platéia calorosa e atenta,que lotou o Estádio Olímpico de Londres .
Um dos momentos emocionantes foram os discursos dos presidentes dos Comitês Olímpico e Paralímpico. “O esporte é algo que você pode fazer, o que você pode adquirir, os limites que você pode alcançar, as barreiras que você pode quebrar. O esporte mostra o que é possível. O esporte se recusa a admitir um não como resposta”, afirmou Sir Sebastian Coe, presidente do Comitê Olímpico Internacional. As fortes palavras de Coe contagiaram , arrancando aplausos da platéia.
 Em clima de comoção, a Rainha Elizabeth II e membros da Família Real assistiam à cerimônia, milimetricamente concebida pelos diretores Jenny Sealey, Bradley Hemmings e Stephen Daldry. Em dado momento surge uma das lendas vivas do mundo contemporâneo da ciência, o físico britânico Sir Stephen Hawking e a dramaticidade toma conta do estádio, quando Sir Ian Mckellen, ator britânico(Senhor dos Anéis, O Código Da Vinci, X-Men), assume o rumo da narrativa comoProspero, personagem da Peça “A tempestade”, de William Shakespeare.
Mas o clima em Londres é de congraçamento, de harmonizar os ânimos e os corações. O prefeito de Londres Boris Johnson na tarde anterior à abertura dos Jogos já havia declarado ao Jornal London Evening Standard a promessa de um “um belíssimo show” e que mudaria a atitude das pessoas sobre esporte e atletas paralímpicos para sempre.
           
Razão de viver

             Nos principais pontos da cidade há outdoors com a equipe britânica paraolímpica, apresentando-os como super-humanos e as histórias dos atletas paralímpicos britânicos toma conta das páginas dos jornais, como a história do soldado Nick Beighton que perdeu ambas as pernas no Afeganistão, quando uma bomba explodiu. Três anos depois integra a equipe britânica e encontra no remo um modo de sobreviver e recomeçar a vida: “Eu consegui minha vida de volta. Remar não estava nas prioridades da minha mente, mas eu sabia que era uma opção”, declarou ao London Evening Standard.
Outra história impressionante é de Richard Whitehead “a máquina”. Whitehead tornou-se o primeiro amputado a correr abaixo das três horas a maratona. Ele conversou com Cathy Wood, repórter do London Evening Standard e contou detalhes da sua rotina, em um perfil revelador: “O poder do esporte é uma ferramenta sólida que pode inspirar pessoas com qualquer que seja a bagagem cultural que carregue. Se você tem uma atitude positiva sobre esporte, ela pode espalhar-se para toda a comunidade”. 
 Uma das mais celebradas é a atleta paraolímpica britânica ,a nadadora Eleanor Simmonds, que aos treze anos de idade tornou-se a atleta mais jovem a ganhar duas medalhas de ouro em Beijing 2008, nos 100 e 400 metros estilo livre. No ano seguinte, fez história aos 14 anos e 51 dias, quando se tornou a pessoa mais jovem da história a receber uma homenagem da Rainha (Elizabeth II). Ela relembra os jogos de Beijing: “Eu nunca imaginei que pudesse ganhar o ouro. Na verdade era como se fosse uma espécie de sonho”, conta Ellie(como é carinhosamente chamada pelos britânicos)ao Jornal The Sun. Ela diz que tem treinado 20 horas por semana e espera toda a família para assisti-la a ganhar mais medalhas.

Promessas brasileiras

As promessas brasileiras de medalhas são muitas e os atletas podem escrever o capítulo mais vitorioso da história paralímpica nacional, segundo o Comitê Brasileiro, e subir pelo menos duas posições no quadro geral, superando as 47 medalhas (16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze) conquistadas em Pequim 2008.
Daniel Dias, André Brasil e Clodoaldo Silva são as chances reais de medalhas. Juntos possuem o incrível número de 26 medalhas paralímpicas e figuram entre as estrelas dos Jogos. "Sabemos que todos os países estão se preparando muito, fazendo treinamento em altitude, com estrutura. Mas contamos com pelo menos umas 10 medalhas de ouro, três ou quatro de prata e uma ou duas de bronze. A meta é ficar entre os oito primeiros", projetao Coordenador Técnico da Natação, Murilo Barreto.
O hipismo tem chances de medalhas com Davi Salazar, Marcos Alves, que subiu duas vezes ao pódio em Pequim, nas categorias Individual e Freestyle e Elisa Melaranci."A equipe está me ajudando muito, porque eu estava muito tensa. Ainda não tenho tanto entrosamento com o meu cavalo, mas desde que viemos para Londres fizemos um trabalho muito bom e isso me deixou mais tranquila", afirma Elisa, primeira da equipe de adestramento a competir.
Equipes brasileiras também entram em quadra no goalball e no basquete em cadeira de rodas e enfrentam rivais muito preparados, mas o clima é de confiança na qualidade da preparação técnica realizada com os atletas. “Realizamos bons treinos, amistosos", afirma Marcus da Gama, coordenador técnico da delegação de basquete em cadeira de rodas.
Mas independente das expectativas de medalhas e das promessas de quebras de recordes, o que se vê por aqui é um clima de camaradagem. A notável visão de Sir Ludwig Guttmann, o pai dos jogos paralímpicos, continua inspirando gerações e foi um dos pontos altos do discurso do presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, Sir Philip Craven, na cerimônia de abertura, que conclamou a todos: “Preparem-se para se inspirar. Preparem-se para serem deslumbrados. Preparem-se para serem comovidos”, e pediu aos atletas um desempenho no “esporte como nunca”.

Texto enviado pelo Aylê-Salassíé diretamente de Londres na cobertura das Paralimpíadas de 2012